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COVID-19: a hora é de se reinventar

O mundo inteiro ficou de joelhos para esta doença que já chegou perto demais de todo mundo. Enquanto estava matando chineses ninguém por aqui se preocupava, nenhum leito novo de hospital era inaugurado e nem pensar em adiar o carnaval. A doença chegou no Brasil e está fazendo um estrago daqueles. Para os que perderam entes queridos tem sido mais difícil (não perdi nenhum parente, mas amigos queridos perderam e a dor deles também é a nossa dor). Para os que perderam seus empregos ou os negócios estão indo de mal a pior a marca da COVID-19 também vai ficando profunda. Mas um segmento vai ficando com marcas fortes também: a educação.

O pior de tudo, referente a educação, é a forma como as instituições se mexem diante do problema. É preciso ver que algumas instituições estão procurando alternativas: plataformas de ensino remoto com material em vídeo para ser assistido na hora que o estudante quiser (assíncrono) e encontros virtuais ao vivo (atividades síncronas). Isso para os estudantes mais jovens, da educação infantil e ensino fundamental, até para os estudantes mais velhos, do ensino médio, educação profissional e para o ensino superior. O que há de comum em todas estas realidades? Quem está correndo atrás, prioritariamente? São as instituições privadas. São aquelas que tem contratos com os pais e que dependem do pagamento de mensalidades. Há, neste sentido, um esforço superlativo. As faculdades, por exemplo, suspenderam suas atividades por uma ou duas semanas enquanto se adaptavam e retomaram o primeiro período de 2020. Microsoft Teams, Google Classroom, Cisco Webex, Google Meet, Zoom passaram a ser instrumentos de viabilização dos encontros entre estudantes e professores. As escolas estão procurando se alinhar para garantir para seus estudantes a melhor das experiências, ainda que todo mundo permaneça trancafiado em suas casas.

O mesmo não acontece com as instituições de ensino públicas. Na educação básica, a rede pública estadual tem procurado desenvolver atividades remotas, ou através das plataformas virtuais ou imprimindo materiais para os estudantes se manterem vinculados. Não está alcançando a todos, mas certamente consegue chegar em alguns locais. As universidades públicas, entretanto, só estão conseguindo chegar, em alguns casos, para os estudantes de pós-graduação. Há uma imobilidade que inquieta a todos. A instituição em que trabalho, de tão imóvel que sua administração está, levou dois meses para instalar o Comitê de crise. Interrompeu aulas no meio de um período especial. Alguns professores nem conseguiram concluir este período.

As pessoas se acomodaram muito de uns tempos para cá. Lembro, de quando era criança, que existia um programa de rádio chamado Projeto Minerva. A ideia era que as pessoas, mesmo distantes, conseguissem se manter estudando para fazer exames supletivos, utilizando para isso o rádio. Como sou filho de professores, tinha na minha casa alguns livros deste programa. Lembro ainda do cheiro das cartilhas feitas em papel jornal, com letras bem graúdas e capas padronizadas que mudavam apenas as cores de um ano para o outro.

Cartilha do Projeto Minerva.

Fonte: https://www.timetoast.com/timelines/aspectos-historicos-da-linguagem-do-radio-e-da-tv-na-educacao

 Fui pesquisar e achei no YouTube um áudio que reproduzo para vocês aqui abaixo.

No fim dos anos 1970 a Fundação Roberto Marinho também inovou com as aulas do Telecurso 2º grau. Muita coisa interessante. Por que estou comentando estas experiências? Porque o Estado do Piauí tem um canal de TV aberta e rádios. Porque a Assembleia Legislativa do Piauí tem um canal de TV que chega em praticamente todos os lugares do Estado e uma rádio de excelente qualidade. Porque embora a internet não alcance o Estado todo, existem outras formas de tentar planejar uma situação alternativa. Acompanhei pelas redes sociais as lamentações de estudantes da UESPI ao saberem que o Calendário Acadêmico foi postergado por tempo indeterminado. Percebi que tem muita gente preocupada com o seu futuro. Senti o peso de um comentário que disse “...não dá para nos calar diante de posição da faculdade (...) e também é desumano mexe(r) com sonho(s)...”. Entendo a posição dos gestores, porque sua autonomia é baseada na vontade superior, mas penso que o que a comunidade quer é ver alguma proatividade.

Em tempo: o Projeto se chamava Minerva porque Minerva era a deusa grega da sabedoria.

É hora de se reinventar...

Boa semana para todos (as).

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