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O que a COVID-19 está nos ensinando?

O ano de 2020 fecha a segunda década do século XXI com algo que não passava nem perto da nossa imaginação. Nem nos nossos piores pesadelos imaginávamos uma doença que desafiou a medicina, colocou a intelligentsia mundial para trabalhar diuturnamente por uma solução e expôs o que existe de pior dos nossos governantes: a incapacidade de reagir de forma racional.

Andando pelos espaços comuns vemos marcações espalhadas pelo chão para marcar o distanciamento social, pessoas com um novo petrecho necessário – a máscara, barreiras de acrílico, dispensadores de álcool em gel e toda a sorte de novos comportamentos balizados pelas autoridades sanitárias como meios de minimizar o contato e, consequentemente, a transmissão do SARS-CoV2.

Vê-se, vez por outra, a intolerância de alguns às novas regras, a insana queda de braço entre políticos que insistem em pegar uma onda e ganhar algum dinheiro com compras superfaturadas de insumos e equipamentos, como respiradores e outros itens, e uma sociedade com medo, porque a imprensa, de modo às vezes aterrorizante, tornou o que já é grave, algo apavorante. Os políticos do executivo suspenderam as aulas, fecharam as portas do comércio, suspenderam muitos serviços importantes, suspenderam o transporte público, abalaram a economia de todos os lugares. A justiça mandou soltar presos, suspendeu a análise de muitos processos, estabeleceu audiências remotas que muitas vezes não funcionaram.

Durante todos estes meses, aqui no Ciência Viva, procuramos sempre por novidades, evitando todo o tipo de notícia ruim que se originasse da tal COVID-19. Mostramos como evitar a doença, a verdade sobre a necessidade de achatar a curva de contágio, sobre o uso da máscara, sobre as descobertas de drogas de inibição, sobre o passo a passo das vacinas, sobre tratamento com anticorpos, sobre imunização cruzada, sobre as experiências e pesquisas com produtos naturais e tudo que poderia ser um bom presságio, ou uma nesga de esperança.

Neste período, sentimos a dor dos amigos que perderam parentes, com a dor adicional de não poder velá-los, de enterrá-los sem poder dar o último adeus. Padecemos com o isolamento, especialmente dos idosos, por dias, semanas, meses sem poder abraçar nossos pais, avós, amigos dos grupos de risco. O isolamento mexeu com a saúde mental de muita gente. Mexeu com o bolso de muitas pessoas, suspendeu formas de ganho que dependem da dinâmica das cidades, do movimento. Despertou nas pessoas ruins os sentimentos mais avassaladores, como o recebimento do auxílio do governo para quem não tinha outra alternativa de sobrevivência.

A COVID-19 vai deixando lacunas nas nossas vidas. Como já disseram muitos estudiosos: o mundo jamais voltará ao que era antes da pandemia. Como as pessoas que perdemos. Jamais voltarão. Não podemos perder a esperança e devemos lutar com as armas que temos. Saudemos os que se sacrificaram, vítimas da COVID-19 e de outras doenças, que continuaram matando da mesma forma. Os que não aguentaram esperar cirurgias canceladas. Os que interromperam seus tratamentos e abreviaram a vida. Jamais devemos nos descuidar, pois apesar de tudo, vamos superar isso. Com a ciência, consciência!

Ontem perdemos um colega da Universidade Estadual do Piauí. Um professor que fazia a diferença, reconhecido por todos os seus colegas. Uma unanimidade. Teve COVID-19 em junho, não ficou curado totalmente, voltou para o hospital e ontem perdeu para uma pneumonia. Um grande abraço Prof. Josafá Ribeiro. Meus sinceros sentimentos para a família, colegas, amigos e alunos.

Prof. Dr. Josafá Ribeiro. Fonte: Arquivo Pessoal.

O que a COVID-19 está nos ensinando? Está nos mostrando que precisamos nos proteger, nos reciclar e ressignificar a própria vida.

Até o próximo post...

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