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O quanto perdemos

A semana que passou foi marcada por uma sobreposição de recordes de mortes em razão do descontrolado avanço da COVID-19 sobre a população brasileira, levando nosso país ao primeiro lugar em média de casos e média de mortes, num ranking absolutamente macabro, fruto de um vírus de rápida transmissão e que não perdoa a incompetência política e técnica em prover situações para combatê-lo.

Tão ruim quanto os milhares de perdas que tivemos pela COVID-19 ou por outras causas, na maioria das vezes, advinda das consequências da pandemia (muitos pacientes descontinuaram o tratamento de outras doenças que continuam fazendo estrago em muitas vidas) foi a perda lamentável do ex-prefeito Firmino Filho.

De forma prematura, este político que fez carreira na nossa cidade de Teresina, nos deixou enternecidos com sua partida. Na minha opinião, perdemos o político de maior expressão do nosso lugar. Firmino fez em quatro mandatos uma gestão administrativa calcada em uma fórmula simples, sem arrojos ou irresponsabilidades administrativas, cultivando o equilíbrio nas contas públicas sempre frágeis e provendo o que a população precisava, especialmente nos pilares de educação e saúde.

Nas suas gestões sempre optou pelo lado mais técnico, especialmente nas áreas consideradas cruciais como saúde, educação, planejamento, finanças, administração. Manteve quinhões de gestores políticos em áreas sempre menos prioritárias, para não perder a verve bem comum das gestões pós-1988, especialmente por estas bandas de cá.

Por que estou destacando a perda de Firmino? Porque em tempo de pandemia, uma crise exagerada como essa que passamos, quanto mais políticos inteligentes perdermos, pior será para todos. No fim das contas são eles que mandam, com o nosso aval. Depois de campanhas suas vitoriosas e das que apoiou, Firmino terminou sucumbindo eleitoralmente, muito provavelmente, em razão das decisões que de certa forma frearam os efeitos da pandemia na nossa cidade. Ele fez a opção pela vida, mesmo com toda a pressão dos setores que ficaram mais prejudicados. Trocou o prestígio das urnas pelo que acreditava ser mais coerente nesta experiência nova para todos: frear uma pandemia.

Fica para todos o exemplo do político que trabalhou fortemente nas áreas que discutimos aqui no Ciência Viva. Na educação soube trabalhar com técnicos capacitados e criar estratégias para demonstrar resultados claros na educação básica do município. Incentivou a ciência e tecnologia através de programas de capacitação e de incentivo aos talentos mais jovens como no Programa Lagoas Digitais, cujo nascedouro surgiu da concepção do megaprojeto das Lagoas do Norte, aproveitando alguns dos melhores pesquisadores da Ciência da Computação da UESPI como o Dr. José Bringel e o Dr. Thiago Carvalho. Na área de Meio Ambiente foi na sua gestão que muitos dos parques urbanos foram revitalizados e foi concebido o projeto do Lagoas do Norte, executado pelas gestões que o sucederam.

É impossível ficar alheio à tragédia de perda tão significativa para esta cidade e seus cidadãos. Só mesmo a politicagem mais chinfrim para não se condoer com tal perda, e ainda gastar energia ofendendo a família. Deviam reverter esta energia para trabalhar mais pela cidade que experimenta um colapso no sistema de saúde e de transporte.

Uma semana melhor do que a que passou para todos (as).

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