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Por que a UESPI precisa de mudança?

A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) é uma das maiores instituições de ensino superior da esfera estadual do Brasil. Aliás é bom que se diga que já foi bem maior, com a capilaridade que alcançou o gigantesco tamanho de mais de 40 unidades, inclusive em estados vizinhos como Maranhão e a Bahia. A UESPI já chegou a ter o concurso vestibular mais disputado do país, mas isso em um passado em que, ao tempo que a expansão era audaciosa, parte do que a IES ofertava não tinha tanta qualidade, pois grande parte do corpo docente era formado por professores provisórios. Eram cerca de 150 professores efetivos e mais de 1500 provisórios. Mas mesmo sem oferecer tanta qualidade, a universidade chegou aonde seria inimaginável chegar.

Depois desta expansão, a universidade passou por uma fase de organização de seus cursos e realizou grandes concursos públicos entre 2002 e 2012, que foram bem atrativos, pois a instituição ganhou um plano de cargos, carreiras e salários. Os concursos selecionaram profissionais de diferentes partes do país, para seus mais de 20 cursos-tipo, entre licenciaturas e bacharelados, reduzindo seu tamanho apenas para municípios-polo, de Parnaíba a Corrente. Entre 2010 e 2013, a UESPI viveu seu melhor momento. Conseguiu ampliar seu orçamento e organizou todos os seus cursos de graduação, tendo ampliado sua pós-graduação de cursos lato sensu para cursos stricto sensu.

De 2014 para cá a universidade passou por uma disrupção na sua gestão. As conquistas administrativas obtidas no quadriênio anterior foram sendo gradativamente perdidas, chegando ao ponto que a mínima autonomia entrou em declínio. Os sinais fortes são visíveis: desde este período a Universidade não apresenta Biblioteca Central, por exemplo. Para se recredenciar, junto ao Conselho Estadual de Educação, assinou contratos com Bibliotecas Digitais. Passado o momento do recredenciamento, estudantes e professores não conseguiram mais acessar estas bibliotecas. Com tanto tempo de gestão ausente, as estruturas que já eram frágeis, mais frágeis se tornaram. Nem precisa falar em estruturas “sofisticadas” como laboratórios didáticos e de pesquisa. Basta precisar ir a um banheiro na Universidade para perceber que já se tem quase uma década de letargia.

A universidade passa agora por um processo de escolha de seu dirigente máximo. Ainda não estão formalizados os lados, mas de cara se posicionam o candidato da situação, com uma hashtag “uespiemfrente” e um candidato de oposição, gritando “uespiquermudança”. Sou pela mudança. Acredito que a alternância no poder pode ser uma saída para, de fato, a UESPI avançar, ir pra frente.

A disrupção fez a universidade regredir bastante, em praticamente todos os indicadores. Respeito bastante quem apoia o grupo atual, especialmente aqueles que pretendem continuar na gestão mantendo suas funções gratificadas. Faz parte. Afinal professores e técnicos estão com seus salários sem correção desde 2014. E muita gente pode dizer que a culpa é do governo ou do governador, mas o que aflige a universidade inteira é uma falta de perspectiva.

Não depende do Governador, por exemplo, a universidade ter um calendário. É o mínimo e o básico. Aliás neste quesito a UESPI passa por uma crise enorme de identidade. Não sei se os dirigentes já conseguem compreender que a UESPI é uma IES do Sistema Estadual de Ensino. Isso porque em 2020 estruturaram um calendário que não seguia as premissas básicas da LDB: o período que era pra ter 100 dias tinha pouco mais de 40 dias, porque os dirigentes se baseavam em uma normativa voltada para universidades e institutos federais. Isso é desconhecimento da lei, puro e simples. No período da pandemia a Universidade parou. Isso porque os dirigentes ficaram patinando. A IES levou 60 dias para instituir um comitê de crise para ver o que fazer. Resultado: acabou em setembro de 2021 o segundo período de 2020. Não sei se a UESPI aguenta mais quatro anos disso. O modelo tá aí. O Reitor atual diz de norte a sul que é diferente do seu aliado de antes. Manteve o mesmo grupo de dirigentes – apenas mudando a cadeira que sentam: quem sentava num tamborete foi para uma poltrona, quem sentava na poltrona foi para a espreguiçadeira. Assim caminha a UESPI.

E assim segue a universidade que comemora uma lei estadual que institucionaliza o que era para ser uma política interna. Vi a campanha: Auxílio Alimentação Estudantil agora é lei. E me perguntei: precisava um programa da universidade ter que virar lei para ser implementado? Faz falta a autonomia. Até o conceito de autonomia, parece incompreendido.

Como diria um pesquisador, amigo meu, na UESPI ninguém morre de tédio, porque todo dia tem uma coisa nova. Dificilmente positiva, mas sigo com fé, na mudança.

#uespiquermudança

Boa semana para todos (as).

 

 

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