Cidadeverde.com

Reforma do ensino médio: interromper?

No curto período que o Brasil esteve sob a Presidência de Michel Temer, após a defenestração de Dilma Roussef, o país começou a andar a passos largos com uma reforma educacional que vinha sendo remoída desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso. A ideia parecia ser uma revolucionária reforma de tudo, atropelando-se, inclusive, algumas etapas importantes.

A implementação de Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a reformulação do Ensino Médio e todas as consequências decorrentes destes processos passaram a ser priorizados numa velocidade que atropelou os diferentes agentes do contexto educacional do país impactando consideravelmente alguns destes segmentos e reverberando sempre sobre o lado mais frágil: os estudantes.

O Plano por trás do Novo Ensino Médio previa uma segmentação do currículo escolar facultando (pelo menos no discurso) que o estudante poderia escolher o que estudar. Numa conversa regada por muitas mídias veiculadas de forma intensa nos diferentes meios de comunicação, propalava-se a ideia de que o estudante poderia agora “escolher o que queria estudar”. O Novo Ensino Médio proporcionou às escolas a necessidade de criar um currículo de formação básica, com algumas coisas obrigatórias como Matemática, Língua Portuguesa e Língua Inglesa e um currículo mais específico compreendendo as demais áreas e os aprofundamentos , sob o título de Itinerários Formativos. Em tese a escola poderia montar os Itinerários que fossem mais interessantes e o estudante poderia, por critério próprio, escolher o que de fato estudaria.

Uma sugestão do MEC foi a possibilidade de construção de cinco tipos de Itinerário, obrigando as escolas a oferecerem um mínimo de dois Itinerários, balizados nas competências mapeada pelo Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM): Linguagens e suas tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Sociais e Aplicadas, além de um quinto Itinerário voltado para Educação Profissional.

Se imaginarmos que o ensino Médio no nosso país não cumpre seu papel, uma vez que nem forma para o trabalho e nem prepara para o estudante prosseguir na Educação Superior, o plano de reformar dando novas perspectivas aos estudantes é perfeito. Mas a execução precisava ser feita com uma série de ações antecessoras, colocando para os atores que tomam decisão sobre isso mais segurança no que fazem e incluindo os estudantes a opinar sobre a reforma.

Agora, o Ministério da Educação se depara com a possibilidade modificar, interromper e até anular o que foi feito até aqui. Muita calma nesta hora. Um recuo em um processo que precisa ser gradativo tem que ser mais pensado do que a própria reforma em si.

Até o próximo post...

 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais