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Pesquisa levanta importância da Mata Ciliar

Os moradores de Teresina (PI) e Timon (MA) já convivem há alguns anos com um cenário de degradação do Rio Parnaíba que, ao mesmo tempo que gera uma sensação de saudosismo, do tempo em que o rio era navegável, desperta uma ideia de impotência, dada a degradação a olhos vistos com a presença de grandes depósitos fluviais ao longo do seu leito, chamadas popularmente de “Coroas” ou “Croas”.

As coroas são o resultado de anos de degradação ambiental. A remoção das matas das margens faz com que o processo de assoreamento ocorra. As margens vão desbarrancando e o leito vai ficando largo e ao mesmo tempo, raso. As coroas mudam ao sabor das cheias. A cheia cobre a coroa e a desloca. Com o passar do tempo, após a cheia, o banco de sementes presentes no solo recupera parte da vegetação, em um processo chamado de sucessão ecológica.

Apesar de ser um fenômeno antigo, não havia sido feita nenhuma pesquisa sobre o tema. Esta semana passada, o Prof. Lorran Moraes defendeu tese de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), mostrando a composição da vegetação das matas ciliares e da vegetação que cobre as coroas. A mata é chamada Ciliar por que ocorre na margem do rio, como se fossem os cílios que ficam à margem dos olhos.

No seu trabalho, Moraes pesquisou uma faixa com cerca de 30 km de mata ciliar, tanto do lado do Piauí quanto do Maranhão, nos domínios dos municípios de Teresina e Timon. Ao todo, levantou a presença de 360 espécies de 90 famílias botânicas, mostrando-se como o maior levantamento já realizado em Mata Ciliar do Brasil. Destas espécies encontradas 68 são novas citações para os Estados do Piauí e/ou Maranhão, com uma atualização rigorosa da Flora do Brasil.

Noutra vertente, a pesquisa mostrou como as plantas dominam o ambiente após uma rigorosa perturbação ambiental, representada pelas cheias que modificam o perfil das coroas. Outra parte do trabalho foi investigar a percepção ambiental dos usuários destes depósitos fluviais que usam as coroas para plantar, criar animais ou mesmo desenvolver atividades de lazer.

A defesa contou com a participação dos pesquisadores: Dra. Vanice Selva (UFPE), Dra. Roseli Farias (UFPI), Dra. Roselis Machado (UESPI) e Dra. Waldileia Batista (SEDUC/UESPI), além das contribuições das pesquisadoras Dra. Kelly Poliana (UESPI) e Dra. Ivanilza Andrade (UFDPAR). O trabalho foi orientado pelos Professores Francisco Soares (UESPI) e Eduardo Almeida (UFMA).

Com esta contribuição, o pesquisador fornece informações importantes, úteis para processos de recuperação do manancial.

Até o próximo post...

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