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Marcas da COVID-19

Nestes últimos dias tenho deparado com situações novas na minha carreira de professor e pesquisador. Esta semana que passou fiquei sabendo de um colega que entrou em profunda depressão por não conseguir manter-se produtivo no seu trabalho de pesquisador. Há alguns dias soube de um antigo aluno que trancou o seu curso de pós-graduação porque sua saúde mental não estava perfeita.

Já tem um tempo que observo os danos provocados pela pandemia ou, ainda que não tenham provocado dano direto, de certa forma vieram a prejudicar pesquisas em andamento e, especialmente professores e estudantes, ainda impactados com os efeitos da COVID-19. Na última sexta-feira, dia 27/10, participei de modo remoto de uma banca de uma estudante de Doutorado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A doutoranda mostrou um trabalho fabuloso desenvolvido exatamente no período da pandemia, avaliando os impactos da doença na atividade física. No final de tudo, já aprovada, fez um agradecimento aos filhos e ao esposo por terem ajudado na coleta de dados durante o período, especialmente por causa do quadro depressivo que a arrebatou durante a pesquisa.

Os efeitos da pandemia vão perdurar por muitos anos na vida de todos. Os efeitos sobre a educação, na minha opinião são os mais severos, uma vez que uma série de ciclos foram quebrados pela pandemia e seus efeitos: o medo, as medidas, as proibições, as mortes, o pânico provocado quando alguém da família adoecia, e o papel nefasto desenvolvido por alguns órgãos de imprensa que, de modo equivocado, ajudaram ainda mais a transformar o período em um caos, transmitido via satélite.

As marcas da COVID-19 deveriam ser observadas pelos órgãos de fomento que não arrefeceram as cobranças por produtividade sem qualquer tipo de trégua. Parece até que os tomadores de decisão nesta área não viveram o período. Da minha parte, tenho tentado acalmar meus alunos, especialmente aqueles que tinham projetos grandiosos e que tiveram que encolher para comportar nos novos prazos e diante das circunstâncias pós-pandêmicas.

Se faz importante que as pessoas tomem consciência que, só agora, já podemos deflagrar uma situação de calma em relação ao processo pandêmico. Com o alcance das vacinas, a vida começou a voltar ao normal. Mas o produtivismo exigido pode vir com mais calma.

Boa semana para todos e todas.

 

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