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Esperanças para o segmento da Ciência em 2024

Todo final de ano nos deparamos com as perspectivas em todos os setores da sociedade. Não seria diferente para quem trabalha com Ciência. Todavia, na minha sincera opinião, as esperanças de melhoria do segmento são parcas.

Em 2023, boa parte dos pesquisadores apostava em um ano melhor pela mudança na gestão do País. Depositava-se uma esperança muito grande que o novo Governo poderia reverter os anos de arrocho nos salários e as crescentes quedas nos investimentos em ciência. De fato, o Governo aplicou um pequeno aumento, na verdade uma correção salarial, e deu um passo importante que foi aumentar os valores das bolsas de pesquisa que há mais de 10 anos não passavam por correção alguma. A esperança é que o processo de investimentos nesta área melhorasse uma vez que o discurso se afinava neste sentido. Outro dia ouvi um depoimento de um líder sindical dos Institutos Federais falando das propostas do Ministério da Educação. Todas as propostas estão voltadas apenas para correções dos chamados “penduricalhos” (auxílio creche, auxílio plano de saúde etc.) que fortalecem os ganhos dos professores e pesquisadores das instituições federais. Segundo o depoimento, quase nenhum dos benefícios prometidos abrange os pesquisadores e professores já aposentados.

No plano estadual não está muito diferente. Na Universidade Estadual do Piauí convive-se com um brutal achatamento salarial que já beira os 70% de defasagem, sem correções desde 2015 quando a última parcela do aumento proposto em 2013 foi paga. O Governo fala em um aumento linear que nem arranha a recomposição salarial. Em contrapartida, havia enviado para Assembleia Legislativa proposta que prejudicava muito a perspectiva de Pesquisa e Extensão da UESPI, que complementa o tripé necessário para uma Universidade ser chamada de Universidade (Pesquisa, Ensino e Extensão). O bom senso imperou e a proposta foi suspensa para ser repensada.

Como mais de 90% da pesquisa científica nacional advém de instituições de ensino superior públicas, as perspectivas não parecem ser as melhores para o próximo ano. Vamos torcer para que os fluidos do novo ano arejem a cabeça dos governantes para entender que sem deter o conhecimento, dificilmente se obtêm a soberania necessária.

Feliz 2024!

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