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Acidente Evolutivo Feliz: por que os Lagostins tem cores vibrantes?

Por Francisco Soares Filho

No subsolo das Montanhas Apalaches, criaturas deslumbrantes desafiam a lógica evolutiva: lagostins ornamentados com cores vibrantes de azul, laranja, roxo e vermelho. Em um ambiente de escuridão perpétua, por que ostentar tais pigmentos extravagantes? Um novo estudo propõe uma resposta intrigante: um "acidente evolutivo feliz".

A Hipótese do "Acidente Evolutivo Feliz" sugere que as cores vibrantes dos lagostins subterrâneos não surgiram como resultado de seleção natural, mas sim por mutação aleatória. A ausência de predadores e a reprodução dentro das tocas teriam permitido que essa característica, inicialmente sem propósito, persistisse ao longo das gerações.

Analisando dados de 400 das 700 espécies conhecidas de lagostins, os pesquisadores observaram uma correlação curiosa: lagostins com cores vibrantes habitavam tocas subterrâneas, enquanto aqueles com tons marrons, bronzeados e mais opacos viviam em ambientes aquáticos. Essa dicotomia sugere que as cores vibrantes não conferem vantagem em ambientes iluminados, mas sim em tocas escuras.

A análise também revelou que as cores vibrantes em lagostins subterrâneos evoluíram independentemente mais de 50 vezes ao longo de 260 milhões de anos. Isso reforça a ideia de que a mutação aleatória, e não a seleção natural, foi a principal força por trás dessa característica.

O estudo desafia a noção tradicional da seleção natural como único motor da evolução. Ele demonstra que eventos aleatórios, mesmo sem utilidade aparente, podem dar origem a características que persistem e se diversificam ao longo do tempo.

As cores vibrantes dos lagostins subterrâneos servem como um lembrete da complexa e intrigante história da evolução. Elas nos convidam a repensar os mecanismos que moldam a diversidade da vida na Terra e a reconhecer o papel do acaso na teia da vida.

Até nosso próximo encontro...

Referências:

  • Graham, Z. R., & Hendrickx, M. E. (2024). 'Happy evolutionary accident': How crayfish living underground may have gotten their bright colors. Proceedings of the Royal Society B, 291(1876), 20240216.

 

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