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Rios para alimentação

A reportagem de capa da revista Science publicada no último dia 08 de dezembro traz um tema que também diz respeito a nós brasileiros: a importância dos rios para alimentação.

Durante muito tempo fomos dependentes das faunas de peixes de nossos rios como fonte primária de proteínas na nossa alimentação. O Piauí, cujo nome já é uma indicação relativa a rio e peixes, tem uma grande bacia hidrográfica que durante séculos alimentou os povos primitivos que tiravam dos rios o seu sustento alimentar.

Atualmente temos rios depreciados pela atividade de agricultura que não poupa a vegetação ciliar, transformando o assoreamento dos rios em um grande mausoléu de seus próprios leitos. Os rios ficam com seus leitos largos e rasos, perdendo sua configuração original e volume de sustentação de água na sua calha, ocasionando danos aos solos e aos ribeirinhos, quando nos períodos de cheias.

A abundância de cardumes foi bastante prejudicada pela atividade urbana que não poupa o curso em descargas de água servida, apodrecendo suas águas e inviabilizando a sobrevivência da biota. Rios contaminados são uma constância nas grandes cidades do Piauí. Teresina, uma cidade mesopotâmica, é banhada por dois rios que sofrem as consequências da falta de saneamento que a coloca como uma cidade que trata menos de 17% dos esgotos de suas residências. O retrato disso: rio Poti lotado de macrófitas aquáticas que aproveitam as benesses da adubação provocada pela poluição, principalmente orgânica. Rio Parnaíba com seu leito drasticamente assoreado na altura das grandes cidades que banha.

Sobre os cardumes: ninguém sabe! Nunca foram feitos estudos mais aprofundados sobre a diversidade e o volume de peixes nestes rios. A Ciência não sabe dizer nem qual foi o impacto da construção da Barragem de Boa Esperança entre as décadas de 1960 e 1970, construída em uma época em que não se respeitava o movimento dos peixes em buscar águas mais tranquilas para desova – o fenômeno da Piracema.

A pesquisa sobre rio Mekong, na China, publicada na revista Science do início deste mês nos faz lembrar que, antes que possamos desenvolver meios para salvar nossos rios, os impactos negativos contra eles são muito mais eficazes e podem destruí-los. Pode já não existir tempo hábil em salvá-los.

Até o próximo post!

 

 

 

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