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O prêmio da pesquisadora brasileira e o Programa Ciência Sem Fronteiras

Na semana que passou o Brasil recebeu o resultado da Medalha John Marsden concedida à bióloga brasileira Thais Vasconcelos pela Linnean Society de Londres, por sua Tese de Doutorado desenvolvida na University College London sobre a expansão das plantas da família Myrtaceae, uma das mais importantes famílias botânicas presentes na flora brasileira que, de acordo com a autora, iniciou sua expansão ainda quando os continentes estavam fundidos formando o Gondwana (um dos supercontinentes).

Fonte: History Channel Brasil.

A vitória de Thais não é pequena, visto que não é fácil ser reconhecida pela Linnean Society, uma das sociedades científicas mais importantes do mundo. Para a maioria dos mortais adianto que, o fato de Thais trabalhar com espécies da família Myrtaceae já a transforma numa cientista excepcional, dada a complexidade de entendimento das plantas desta família, que abriga várias espécies comuns por aqui como a goiaba, a guabiraba, o jamelão, o jambo e muitas outras.

Fora a notícia o que chamou a atenção foi o fato desta pesquisadora ter sido patrocinada pelo Programa Ciência sem Fronteiras, instituído na gestão da Presidente Dilma Rousseff e que oportunizou a milhares de jovens a possibilidade de fazer intercâmbio no exterior.

O Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) foi uma das mais proveitosas ideias executadas no Brasil na última década. Sua meta era distribuir 101 mil bolsas até 2015 (não sei dizer se esta meta foi alcançada) permitindo que estudantes, principalmente de graduação, pudessem ter experiências em universidades estrangeiras, às expensas do Governo Brasileiro. Ao todo, a ideia era que 64 mil estudantes de graduação (um dos segmentos beneficiados) pudessem, a sua escolha, matricular-se em uma universidade de ponta de um país que o acolhesse por um período médio de 1 ano. Muita gente soube aproveitar bem.

Conheci o caso de dois ex-alunos meus que saíram do curso de Biologia na UESPI e foram para Austrália, passando uma temporada lá em universidades bem além das melhores instituições do nosso país. Voltaram com ganhos qualitativos de conhecimento e, sobretudo, com a imersão em um país onde se fala inglês o que, por si, já representou um ganho considerável. Uma experiência que mudou a vida destes jovens e, não resta dúvida que para melhor. Mas o programa não colecionou apenas sucesso.

O Programa Ciência sem Fronteiras poderia ter sido bem melhor. Da forma como foi feito, muitos jovens, no ápice da sua imaturidade, utilizaram o momento para passear bastante às expensas do contribuinte. Não houve por parte do programa a preocupação em cobrar um feedback dos beneficiados. O caso da bióloga Thais Vasconcelos talvez não soasse como novidade se a coordenação do Programa tivesse feito cobranças às universidades de onde estes alunos partiram do Brasil, às universidades que os receberam no exterior e aos próprios beneficiários. Com certeza teria sido mais producente para nosso país.

Ademais, é importante que se diga que o programa sofreu um brutal encolhimento e hoje está restrito apenas aos estudantes de pós-graduação. O Governo Federal poderia começar a pensar em remodelar o programa, melhorar as bolsas, colocar exigências claras e com metas estabelecidas, não somente para os estudantes mais colocando a figura de tutores no Brasil e no país que recebesse os estudantes.

De graça uma dica do Ciência Viva para o Ministério da Ciência e Tecnologia...

Até a próxima!

 

 

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