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Técnica: Rafaela foi chamada de "macaca"

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Rafaela Silva foi orientada a ficar longe das redes sociais. Na segunda-feira, após ser desclassificada por aplicar um golpe ilegal nos Jogos Olímpicos de Londres, a judoca respondeu a ofensas escritas por internautas no Twitter. Chegou a bloquear sua conta e, depois de uma conversa com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), voltou a escrever, pedindo desculpas. Técnica do feminino, Rosicléia Campos foi uma das que conversaram com ela e explicou a reação desesperada da carioca. Viu os insultos racistas, guardados por Rafaela no celular. O caso foi levado ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Nesta terça, um adolescente foi detido por tweets ofensivos ao britânico Tom Daley, dos saltos ornamentais.

"Você não é melhor que ninguém porque você é negra... sempre vai ser inútil. Quatro anos treinando para ser humilhada dessa forma", diz uma das mensagens direcionadas a Rafaela. Outra, do mesmo autor, a chamava de "macaca" e dizia que ela deveria "estar na jaula".


Rafaela nasceu em uma família de baixa renda e foi revelada em um projeto social da comunidade Cidade de Deus. É a primeira judoca do Instituto Reação, fundado por Flávio Canto, a chegar às Olimpíadas.

O caso foi levado ao COB, mas, Rafaela e seu treinador, Geraldo Bernardes, querem apenas esquecer o incidente.

- Chamaram de macaca, que deveria estar na jaula, que ela era uma vergonha e que deveria voltar rastejando ao Brasil. Ele (o internauta) tem que estar na jaula. É um animal quem fala uma coisa dessa. Está falando de uma atleta olímpica. A carreira dela é brilhante, ela é um ser humano maravilhoso. Que país é esse em que a cor da pele influencia na conduta das pessoas? Não estou justificando, mas estou explicando a reação dela. Ela foi chamada atenção. É uma menina muito jovem. Eu não estou preparada para uma receber uma ofensa dessas. Imagina ela... - conta Rosicléia.


Após a desclassificação, Rosicléia amparou Rafaela do tatame até a área de atletas. A judoca chorava sem parar e precisou de uma hora para conseguir falar com 'jornalistas, antes de seguir para a Vila Olímpica.

- Foi uma forma infantil, mas humana. Ela é jovem, vem de uma derrota cruel. Três árbitros deram o golpe. Era uma das cotadas para ganhar medalha. A adversária que ela nunca tinha lutado perdeu na primeira. Rafaela não perdeu, deixou de ganhar. Aí chega na Vila, depois de todo o choro. Abre computador para encontrar com as pessas de que gosta, ter uma palavra de conforto, e vem um imbecil e coloca palavras desse nível.

Ney Wilson, coordenador técnico da seleção e professor, conversou com Rafaela. A CBJ orientou Rafaela a se manter longe das mídias sociais.

- Foi uma grande lição para todo mundo. As redes sociais são muito perigosas. É uma linha muito tênue. Nunca imaginei, na minha santa inocência, que isso pudesse acontecer.


O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse, nesta terça-feira, em Londres que vai pedir à Polícia Federal que investigue ofensas racistas proferidas por usuários do Twitter contra a judoca brasileira Rafaela Silva, após sua desclassificação na luta contra a húngara Hedvig Karakas pelos Jogos Olímpicos de Londres. Segundo a assessoria do ministro, ele pediu que a PF entre na história para identificar o IP dos autores das ofensas, já que se trata de um crime.

Fonte: Globo
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