Malga Di Paula, viúva de Chico Anysio, lançou o novo site do humorista em evento realizado nesta terça-feira, 21, no Rio de Janeiro. Acompanhada do Dr. João Tadeu Ribeiro-Paes, médico e Doutor em Genética, e da Dra. Analice Gigliotti, médica psiquiatra, ela apresentou ainda o Instituto Chico Anysio, que tem por finalidade principal apoiar e desenvolver pesquisas com células-tronco no tratamento do enfisema pulmonar.

Malga deu início à conversa com a imprensa e ressaltou que o site é uma homenagem do instituto para Chico. Depois, passou a palavra a Analice, que será uma das principais colaboradoras do projeto, e falou um pouco do tio.

"Vi meu tio sofrendo por causa do tabagismo desde o inicio do enfisema, que foi há bastante tempo atrás. Agora, no final da vida dele, foi um sofrimento muito grande... Então minha relacão com o tabagismo é uma coisa emocional. Temos muito a fazer contra ele. O que se pode oferecer de tratamento para fumantes aumentou muito nos últimos anos, mas ainda é pouco. Essa fundação quer conseguir uma fonte de financiamento para espalhar isso para o Brasil inteiro. Queremos conscientizar mais as pessoas, fazer com que as leis sejam cumpridas. Um em cada dois fumantes morre por causa do cigarro. Meu tio foi um deles", declarou a sobrinha de Chico.

Após Analice, foi a vez do Dr. João Tadeu, se pronunciar e o médico disse acreditar que o humorista devia estar apoiando o projeto: "O Chico provavelmente está aqui presente de alguma forma, o que é fundamental nessa nossa primeira reunião. Este será o primeiro instituto nos moldes de uma instituição, que não nasce no meio governamental."

Ao retomar a palavra e falar sobre Chico, Malga di Paula se emocionou e teve que parar seu discurso, pedindo desculpas aos repórteres e fotógrafos presentes.

"No site, as pessoas vão falar sobre o que o Chico foi e o que fez. Agora temos que falar do passado. Já trabalhávamos em cima do site com o Chico há dois anos. A ideia era que o site fosse uma ocupação para ele, já que ele estava fisicamente limitado, mas com a cabeça funcionando. A internet seria uma ótima alternativa pra fazer essa interlocução com o público. Ele seria lançado quando o Chico fizesse 80 anos de vida e 65 anos de carreira", relembrou a mulher do humorista, completando: "No site, teremos depoimentos de pessoas queridas, que gostavam muito dele no meio artístico. É impressionamente como as pessoas contam histórias que a gente nem sabia. Também haverá uma loja virtual, vendendo produtos do Chico."

Malga ainda contou que, nos últimos anos de sua vida, o humorista sempre dizia que seu único arrependimento foi ter fumado e se declarou ao marido.

"Eu não sou cientista, mas o meu trabalho é tentar sensibilizar as pessoas como uma famliliar que perdeu alguém que amava muito para uma doença terrível, que vai matando aos poucos. O final de vida é muito cruel, a qualidade de vida é muito ruim. O Chico sofreu muito. É muito dolorido ver a pessoa que você ama não conseguir respirar. Nos últimos anos, ele falava sempre que se arrependia de ter fumado. Dizia: 'Eu fiz muitas bobagens na minha vida, mas não me arrependo de nada, faria tudo de novo. A única coisa que não faria de novo seria fumar'. É a primeira vez que falo sobre isso. O Chico faz falta para mim em todos os sentidos. Como o ídolo que ele era pra mim, como meu amor, como pai maravilhoso, como amigo, companheiro. Como incentivador em tudo que eu fazia. Perder isso tudo em uma única vez foi muito difícil. Perdemos o Professor Raimundo e tantos outros personagens. Tenho a sensação de que perdi muita gente. Tem sido muito mais difícil do que eu poderia imaginar. As pessoas falam que o momento pior do luto são os dois primeiros meses, mas ainda não tem sido fácil", declarou-se.

A mulher de Chico ainda destacou que, nesta terça, 21, faz exatos cinco meses que ela falou pela última vez com o marido e se debulhou em lágrimas ao falar sobre o assunto.

"Hoje, em especial, é um dia muito emocinante para mim. Porque, há cinco meses, foi o ultimo dia em que o Chico falou comigo. Me emociona muito pensar nas úlitmas coisas que ele me falou. Tem sido quase insuportável. Tenho feito terapia, fazendo o máximo que eu posso, mas mesmo assim tem sido duro. O Chico tinha uma preocupação, se as pessoas iam esquecer dele quando ele morresse. Eu dizia que, no que dependesse de mim, eu faria tudo para eternizar ele", revelou.

Questionada se procurou algum tipo de contato com Chico após sua morte, Malga garantiu que não e confessou que ficou com a fé um pouco abalada após a perda.

"Eu não tenho essa necessidade de me comunicar com ele. Tenho certeza absoluta que ele está bem. Nao tive vontade de frequentar nenhum centro e, mesmo não tendo buscado mensagens dele, ele sempre me manda mensagens. Eu percebo diversos sinais dele, a energia. Temos nos comunicado nas coisas sutis, nas coisas simples. Ou, às vezes, em coisas muito chocantes. Durante o tratamento, tive muita fé e me apeguei à minha amizade com São Jorge, mas admito que fiquei um pouco revoltada e com a minha fé muito abalada depois que ele morreu. Agora que estou me aproximando de novo", afirmou.