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Thiago Lacerda será Hamlet em nova estreia

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Para o diretor niteroiense Ron Daniels, o fazer teatral deve ter a simplicidade do preparo do pão. Membro da Royal Shakespeare Company, em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra, terra natal de William Shakespeare, e com mais de 30 montagens de peças do dramaturgo nas costas, ele traz esse conceito ao espetáculo Hamlet, que entra em cartaz amanhã (19) no Teatro Tuca. E nessa versão do clássico, com uma levada de drama familiar, quem assume o papel do príncipe da Dinamarca atormentado pelo fantasma do pai e querendo vingança pela morte dele é o ator Thiago Lacerda, em seu primeiro personagem shakespeariano.


"Esse Hamlet é o meu Hamlet. Não acho que exista um Hamlet, existe o Hamlet e esse é o que a gente vai fazer", comenta Lacerda sobre o desafio de interpretar o personagem que é um objeto de desejo entre os atores. "E é um somatório de encontros, um somatório de ideias, que passa pelo que o Ron propõe, que passa pelo que o texto, principalmente, propõe e pelo jogo dos atores no processo, pelo que a gente descobre junto no dia a dia e continua descobrindo", continua ele.

O ator, que no teatro já protagonizou textos de outros autores clássicos, como José Saramago (O Evangelho Segundo Jesus Cristo) e Albert Camus (Calígula), foi convidado para o projeto pelo diretor Ruy Cortez, que aqui tem a função de curador e idealizador do trabalho. Foi Cortez também que chamou Ron para a direção, que retorna ao País após 12 anos, desde que dirigiu a montagem de Rei Lear (também de Shakespeare), estrelada por Raul Cortez, tio de Ruy.

O próprio Ron cuidou, junto com Marcos Daud, da adaptação da obra do bardo inglês. Segundo o diretor, a adaptação foi fiel, mas ele fez questão de construir um texto que não fosse empolado nem difícil, e sem as frases em ordem indireta. "O que eu não entendo, eu corto. Eu fiz o primeiro corte nessa base, não tem mística nenhuma", explica o diretor.
Drama familiar

"Nós vamos contar uma história de um drama familiar. De um rei que é tirado do poder à força e morto, uma rainha que se junta com o cunhado e um filho que chega desesperado vendo tudo isso e procura uma vingança", diz o veterano ator Antonio Petrin, que interpreta o fantasma do velho rei da Dinamarca, assassinado por seu irmão Cláudio (Eduardo Semerjian). "Essa tragédia familiar percorre a peça e esses personagens, e cada um de nós tenta extrair dele essa modernidade, essa coisa brasileira. Quem não conhece essa tragédia que eu acabei de contar?", pergunta Petrin.

Para dar humanidade a seu personagem, o ator Eduardo Semerjian colocou como a base da construção de seu personagem o amor dele por Gertrudes, a rainha, mãe de Hamlet, papel da atriz Selma Egrei. "O Cláudio, para mim, não é só um safado, não é só um animal", diz Semerjian. "Ele é um cara que também ama, que tem sentimentos e tem medo. Só que ele tem um outro lado que é realmente muito forte."

O elenco de Hamlet, que tem um total de 15 atores, conta ainda com o ator Roney Facchini, que faz Polônio, o conselheiro do rei. O personagem, que transita na alta corte dinamarquesa, é o pai de Ofélia, noiva de Hamlet. "Eu sabia que a Ofélia era maravilhosa, mas eu não tinha a dimensão da força desse papel, agora fazendo eu estou até assustada", comenta sua intérprete, Ana Guilhermina.

Fonte: Estadão
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