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Terra de gente lutadora, Campo Maior também completa 250 anos

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Além de ser uma terra de gente lutadora, Campo Maior foi uma cidade muito importante no aspecto econômico para o Piauí. O gado impulsionou as finanças locais da cidade, que surgiu às margens de três rios.


O militar português Bernardo de Carvalho Aguiar saiu da Bahia para apaziguar as relações entre aventureiros europeus que ocupavam os vales da Serra do Ibiapaba e os índios, que estavam em processo de catequização.


Chegando aqui, viu empreendimentos e decidiu criar gado. O lugar escolhido foi o encontro dos rios Longá e Surubim. Em 1685, fundou a fazenda Bitorocara, origem da cidade de Campo Maior.


Aos poucos, a região passou a ter 18 fazendas e quatro sítios que abrigavam brancos, escravos, índios e mestiços. Além dos Carvalho, outras famílias como os Castelo Branco se instalaram. A fazenda Abelheiras, dos Castelo Branco, data de 1708 e é uma das mais antigas e mais preservadas.


A casa, que foi erguida por volta de 1780, é uma das mais antigas e preservadas. Tem uma característica que ficou comum no segundo momento das construções do Estado: a morada do senhor, do vaqueiro e o curral estão todos sob o mesmo teto, mas sem nenhuma ligação interna.


Na fazenda Trabalhado, que fica a 50 Km de distância da Abelheiras. Elas faziam parte de uma mesma propriedade e foram desmembradas. A Trabalhado, além da importância arquitetônica, contém uma importante colaboração científica.


Seu antigo dono, Renato Fortes, se correspondeu durante anos com um pesquisador austríaco radicado no Brasil, responsável pela descoberta do botulismo, uma doença grave para os animais e que pode ser fatal também para o homem.


A filha de seu Renato, Jaqueline, guarda as correspondências que estão há mais de 100 anos na família. Em uma delas, o pesquisador agradece a seu Renato pela ajuda.

A 15Km da Bitorocara surgiu um núcleo de povoamento ao redor de uma capela, que começou a ser construída em 1710. Dois anos depois, moradores do lugar encontraram uma imagem de Santo Antonio que pode ter sido perdida por portugueses em viagem. A imagem foi levada para a capela e Santo Antonio virou padroeiro.


A primeira missa ocorreu em 12 de novembro de 1712. Na mesma data, foi instalada a freguesia de Santo Antonio do Surubim, em substituição ao nome Bitorocara.

A igrejinha passou mais de 100 anos para ser construída. A nova sede foi construída em 1946. Esse ano, uma grande programação completa 300 anos.


Essa igreja passou a ser referência. Foi no seu salão que o primeiro governador da província de São José do Piauhy, João Pereira Caldas, elevou a freguesia a categoria de vila, criando, assim, a cidade de Campo Maior. O primeiro conselho municipal foi empossado.


Nessa praça foi construído um pelourinho, onde os escravos eram castigados. Diz a lenda que o pelourinho foi despedaçado por um raio e por causa do sangue derramado pelos negros, o lugar foi amaldiçoado. Máquinas que tentaram perfurar um poço no local, no início do século XX, foram destruídas.


Existem várias versões para o nome Campo Maior: pode ter sido determinado por Dom José I, rei de Portugal; pode ter sido imposto por portugueses que moravam na região; ou ainda sugerido por João Pereira Caldas em homenagem às pastagens em campos verdejantes e floridos, semelhantes aos da Vila Campo Maior, na região do Alentejo, em Portugal.


Campo Maior tornou-se uma das cidades mais importantes do Estado nesses 250 anos de existência. É berço da única luta armada pela Independência do Brasil, onde camponeses foram mortos ao conseguirem fazer com que Fidié mudasse seu caminho, fugindo para Caxias, onde foi preso.


Leilane Nunes
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