Cidadeverde.com

Classe média pode fazer China retomar o ritmo de crescimento

Na China contemporânea, as mudanças no comportamento da população ocorrem em ritmo acelerado. Consumidores trocam bicicletas por automóveis, vão a shoppings ao invés de lojas pequenas, preferem usar grifes europeias e americanas a vestir os ternos "mao" padronizados e veem bairros tradicionais -  "hutongs" - transformarem-se com arranha-céus de até 50 andares. Essa transformação envolvendo o padrão de consumo dos chineses deverá nortear a nova liderança política da China.

Praticamente inexistente quando a China iniciou reforma econômica, em 1978, a classe média representa hoje cerca de 25% da população,
mais de 300 milhões de habitantes. O Partido Comunista Chinês, que governa a China em regime de legenda única, começou na quinta-feira (8) um importante congresso no qual deverão ser anunciadas mudanças na liderança do país. Neste sábado (10), o país anunciou que está efetivamente superando as dificuldades da economia e deverá atingir a meta de crescimento para o ano, de 7,5%.

Para recuperar o ritmo de crescimento que a China apresentou em 2010, de 10,3%, ultrapassando o Japão como a segunda maior economia do planeta, o novo governo deverá centrar suas atenções na nova classe média, capaz de aumentar o consumo doméstico, frear a desaceleração da economia e diminuir o abismo que existe entre os ricos e pobres.

Praticamente inexistente quando a China começou a sua reforma econômica, em 1978, a classe média representa hoje 25% da população chinesa, equivalente a mais de 300 milhões habitantes, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas da China.
No Brasil, estima-se que existam 104 milhões de pessoas na classe média, o que representa 53% da população brasileira. De acordo com a projeção mais recente divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), até 2014, mais 13 milhões de brasileiros vão ascender à classe C, popularmente conhecida "classe média" - um aumento de 11,9%.

Helen Wang, autora do livro "O sono chinês", explica que um valor adequado para medir a classe média na China é o de renda familiar anual de US$ 10 mil a US$ 60 mil, critério que, de acordo com as estatísticas, descreve 50% da população urbana do país - equivalente a 665 milhões de pessoas. O governo da China não faz uma avaliação específica sobre esse assunto.

No Brasil, a classe média tem renda per capita (por pessoa) entre R$ 3.492 e R$ 12.228 por ano.
De acordo com a pesquisadora, esse novo grupo de consumidores, que surgiu apenas nas últimas duas décadas, cresce a uma velocidade tão alta que poderia duplicar-se e até mesmo triplicar-se para finais de 2025, ano em que a China deverá ter superado os Estados Unidos em valores como Produto Interno Bruto (PIB), consumo de combustível, gastos de consumidores e orçamento de defesa.

A mãe de Teresa Zhao (nome fictício), 27 anos, editora da versão local da revista de moda Marie Claire, não podia imaginar que o acesso de sua filha ao consumo seria tão diferente do seu – o de uma professora nascida e criada na era maoísta (1949-1976), quando as roupas eram adquiridas por meio de cupons estatais.

Como muitas jovens da sua geração, Teresa começou a folhear publicações de moda durante o ensino médio. "Concluí que essas eram as coisas que precisava ter, o estilo de vida que queria seguir", disse ao G1. Entrar no mundo da moda assegurou a Teresa a compra de objetos de luxo a preços de ponta de estoque. Teresa conta que gasta 12% do seu salário mensal de 18 mil yuan (R$ 5.900) em compras de ponta de estoque.

Ela pertence à geração dos filhos únicos. Formada em Pequim, divide um apartamento com uma amiga para minimizar os gastos com aluguel - a despesa mais alta no custo de vida da capital chinesa. O preço médio de aluguel por metro quadrado é de R$ 18,7.

G1
Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais