O fenômeno que se repete todos os anos no período mais quente e de menor volume de água, em 2012, já dura vários meses, desta vez os aguapés dividem o leito dos rios com as canaranas, e já atraem até gado, como no flagrante feito pela equipe da  TV Cidade Verde, às margens do rio Poti, nesta quinta-feira (29).

O flagra levanta o questionamento sobre o risco de contaminação dos animais, já que a vegetação surge quando o nível do rio está baixo com maior concentração de lixo, poluição que é sugada pelas plantas.

O agrônomo e doutor em ciência animal, Nonato Pereira, explica que as plantas podem oferecer riscos quando possuem um nível alto de metais pesados, o que ele afirma não existir no rio Poti, já que Teresina não dispõe de muitas indústrias. As substâncias presentes nos aguapés podem até ser benéficas aos bovinos.

"Eles podem e devem ser usados na alimentação de bovinos, é uma planta que tem uma atividade fotossintética muito alta, juntando-se a isso  o alto nível de nutrientes", afirmou o especialista.

Quanto maior a contaminação da água, maior o volume desse tipo de vegetação no leito do rio. Em Teresina apenas 17% da população possui sistema de coleta de esgoto, ou seja, todo esgoto não tratado é recebido pelo rio, cerca de 83% da cidade. Apesar do número alarmante o gerente em educação ambiental da Semar, Marcelo Amorim, afirma no levantamento feito periodicamente da Semar, os níveis de poluição estão dentro do padrão internacional de normalidade.

"É preciso considerar toda a extensão do rio e não apenas a zona urbana, essa concentração de aguapés acontece apenas em alguns trechos e não é algo que represente problemas alarmantes no processo de piracema, ou na contaminação das plantas, por exemplo.", concluiu o especialista.