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Caso Yoki: Corpo de Marcos Matsunaga será exumado

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O juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, autorizou a exumação do corpo do empresário Marcos Matsunaga, morto e esquartejado em maio do ano passado. De acordo com o Tribunal de Justiça (TJ), uma nova perícia será realizada no cadáver para determinar o exato momento em que o diretor da Yoki foi morto.

Há dúvidas se Marcos morreu por um tiro na cabeça ou se ainda estava vivo no momento em que seu corpo foi esquartejado. O pedido da exumação foi feito pela defesa da viúva e ré confessa do crime, Elize Matsunaga.


A partir da ciência da decisão judicial, o promotor do caso e os defensores da ré, se quiserem, terão três dias para apresentar quesitos suplementares a serem respondidos pelo perito, além de indicar assistente técnico. Ainda de acordo com o TJ, após esse prazo, o perito terá dez dias para elaborar o novo laudo.

Divulgado em junho, um laudo que fez parte do inquérito policial do caso apontou que Marcos foi decapitado quando ainda estava vivo. Segundo os peritos, a morte ocorreu por choque traumático, causado pela bala, e asfixia respiratória por sangue aspirado devido à decapitação. Na ocasião da divulgação do laudo, porém, seu resultado já havia sido questionado pelo advogado de Elize, Luciano Santoro.

O defensor entende que Elize pode pegar uma pena de no máximo dez anos. A exumação solicitada poderá ser chave para que Elize não seja condenada pela qualificadora de meio cruel caso fique comprovado que Marcos morreu em razão do disparo na cabeça e que já estava morto quando foi esquartejado. A assistente da defesa, Roselli Soglio, afirmou que em casos de traumatismo craniano causado por um tiro de pistola 380 a morte acontece em poucos segundos.

Para o promotor José Carlos Cosenzo, o crime foi premeditado, por motivo financeiro - Marcos era diretor da empresa de alimentos Yoki. Ele espera que ela seja condenada a 30 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (vingança movida por dinheiro), utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel (esquartejamento).

O crime

Além de usar uma pistola para dar um tiro na cabeça de Marcos, Elize utilizou uma faca para esquartejá-lo. Depois, colocou as partes do corpo, dispostas em sacos plásticos, dentro de malas, e jogou o corpo em diferentes locais da Grande São Paulo. Os pedaços foram encontrados em 27 de maio.

A viúva, que inicialmente negava a autoria do crime, confessou o assassinato e está presa desde 5 de junho. Segundo declarou à Polícia Civil, ela matou o marido após uma discussão sobre a descoberta da infidelidade de Marcos, na qual respondeu a uma injusta provocação do empresário, que a teria agredido com um tapa na cara.

O advogado de Elize, Luciano Santoro, disse ao chegar ao Fórum da Barra Funda nesta terça-feira que ela quer ser interrogada para contar ao juiz como tudo ocorreu. Ele reafirmou que se trata de um crime passional, sob forte emoção, após ela ter sido agredida por Matsunaga. Para a defesa, ela deve responder por homicídio simples e ocultação de cadáver. Santoro afirma que sua cliente vinha sendo humilhada há meses e queria se separar do marido.

Gravação

Outra prova que a defesa pretende usar para corroborar a tese de que a bacharel vinha sendo ameaçada é uma gravação feita pela Polícia Militar. Vinte e cinco dias antes do crime, Elize havia telefonado para o serviço de emergência 190 da PM para denúncia Marcos por ameaça.

Durante um crise conjugal, Matsunaga tentou reconquistar Elize. O G1 teve acesso ao depoimento de testemunhas e à troca de e-mails entre o casal Matsunaga. As mensagens que constam no processo foram trocadas durante o período em que o empresário e a bacharel em direito estiveram separados provisoriamente.

Bastidores da crise conjugal

O reverendo René Henrique Götz Licht, da Igreja Anglicana, que realizou o casamento deles, contou à Justiça detalhes da crise que o casal vivia. Reportagem do Fantástico mostra que o religioso disse ter aconselhado Marcos a esconder as armas que tinha no apartamento e a procurar um médico para a mulher.

"Eu sabia que eles colecionavam armas, facas. Aí eu disse para ele então o seguinte: então a primeira coisa que você vai fazer agora quando chegar na sua casa, você vai trancar esse cofre onde ficam as armas", afirmou, em vídeo obtido com exclusividade pelo Fantástico.

No período de aproximadamente um mês antes do crime, Elize e Marcos viviam uma crise por suspeita de traição.

Após ligar para polícia e relatar ter sido ameaçada, Elize deixou o apartamento do casal e se refugiou em um hotel em São Paulo com a filha e a babá Mauriceia; depois seguiu com elas para a Bahia e Paraná.

Enquanto esteve longe de Marcos, Elize pensava no divórcio, a ponto de consultar uma advogada que a orientou a contratar um detetive para flagrar a traição do marido.

Mas após receber a tradução de ‘Because You Loved Me’ (Porque Você Me Amou), interpretada pela cantora canadense Celine Dion, e o buquê de flores com o pedido de reconciliação, desistiu de seguir com o rompimento.

Mesmo assim, ela manteve os serviços do detetive que gravou o diretor da Yoki com sua amante, a garota de programa Nathalia. Quando conheceu Marcos, Elize também havia trabalhado como prostituta.


Fonte: G1
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