O juiz Heliomar Rios é o único servidor lotado na Vara Agrária de Bom Jesus, distante 632 Km de Teresina. A vara tem 1.400 processos em tramitação. "Falta delegado exclusivo para a vara, faltam peritos, servidores, maquinário para a medição e plotagem das terras para que se evite uma terra ser marcada em cima da outra. Não tenho sala de audiências", desabafa o juiz.

Para o corregedor de Justiça do Estado, desembargador Francisco Paes Landim, a situação da vara e dos cartórios é propícia à proliferação da grilagem de terras no Estado. 

"Conta-se na mão seis cartórios estruturados na região. A grilagem entra pela porta da fraude. Alguém é responsável e deve pagar por essa fraude", afirma o desembargador. Algumas soluções apontadas pelo corregedor são, além da estruturação dos cartórios e varas, a compra de equipamentos de localização via satélite e a instalação de um programa de cadastro na internet para inibir as fraudes. 

A cidade de Santa Filomena carrega o título de nova fronteira agrícola do Estado sem ter um mínimo de estrutura para atender a demanda. O município possui mais de 5 mil quilômetros quadrados, dificultando o acompanhamento dos negócios. 

O cartório funciona em sala improvisada, com mofo nas paredes e os documentos sofrem a ação do tempo e não há servidores qualificados para tratar com os registros de terras. 

"Se pegarmos 10 anos atrás e vermos como é Bom Jesus hoje vamos perceber que é completamente diferente. Se o Estado e nossas autoridades olharem mais para o sul, o Piauí vai se tornar uma dos cinco estados mais viáveis economicamente do Brasil", afirma o juiz.

Leilane Nunes (da Redação)

Joelso Giordani (da TV Cidade Verde)