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"Sejus concede regalias a presos para evitar ataques", diz UOL

Uma reportagem publicada no site Uol, nesta quarta-feira(20), denuncia que a Sejus (Secretaria do Estado da Justiça) do Piauí, concedeu regalias para detentos ligados ao Primeiro Comando da Cidade (PCC), facção que age dentro e fora dos presídios de São Paulo, que estão na penitenciária Irmão Guido, zona Rural de Teresina.


"Durante um motim no ano passado, a facção ameaçava desencadear uma série de ataques similares aos ocorridos em São Paulo e Santa Catarina, no final de 2012, caso os pedidos de seus membros não fossem atendidos", diz a reportagem.

Em entrevista ao site, o secretário Estadual de Justiça, Henrique Rebelo, confirmou que a negociação que teria acontecido durante um motim no final do ano passado, previa inclusão de alimentos como carne de sol, ervilha, milho e azeitona no cardápio do presídio, aumento do horário de visitas e transferência para São Paulo do chefe do movimento e um dos líderes do PCC, José Ivaldo Celestino dos Santos, 


O UOL reforça que segundo o secretário, o motim terminou meia-hora após o atendimento dos pedidos da facção criminosa. "Esse pessoal [do PCC] é superperigoso. Não podíamos deixar que o problema de dentro do sistema atingisse a sociedade. Por isso, atendemos às reivindicações", disse Rebello à reportagem, reforçando que cumpriu o que diz a lei e não "fez nada de mais" em atender as reivindicações.


Carta e articulação

A reportagem divulga uma carta que segundo o site, foi jogada do pavilhão C para o anexo (local onde ficam os presos), convocando os internos de outros pavilhões, e que foi interceptada pelo Serviço de Inteligência da Polícia.


Na carta, os integrantes do PCC tentavam informar aos demais internos como seriam as ações de articulação para que o Estado atendesse aos pedidos deles. Em um dos trechos, os presos afirmaram que conseguiram tirar o chefe de disciplina da unidade carcerária, para demonstrar o poder que tinham nas negociações com a Sejus.

"A rapaziada da Casa de Custódia entrou em contato com nós [sic] e disse que eles conseguiram tirar o 'Nissin' [Nilson Martins de Vasconcelos, ex-chefe de disciplina da Casa de Custódia], e assim só nós se unir [sic] que nós vamos conseguir nosso objetivo", descreve a carta.
 
Estrangeiros do PCC no Piauí

Apesar de o principal líder do PCC no Nordeste, Celestino dos Santos, ter sido transferido para São Paulo, o UOL afirma que os dois italianos, dois brasileiros e um português presos em Parnaíba pela PF, fazem parte da facção.

"Os detentos estão no pavilhão A da Irmão Guido presos na mesma cela ou em celas vizinhas.", informou o site.

Saiba mais


Sindicato critica ações 

O Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários e Servidores Administrativos da Secretaria de Justiça e Segurança do Estado do Piauí) criticou a postura do Estado, denunciada na matéria.


Segundo o UOL, o Sinpoljuspi, considerou como equivocada a decisão de atender as exigências dos presos para o fim do motim. "Eles conseguem usar telefones celulares sem que nenhum dos agentes ou policiais militares encontre o aparelho. Se estão presos juntos, facilita a atuação em conjunto, mas é por celulares que eles se articulam para praticar crimes fora da prisão", disse o presidente do Sinpoljuspi, Vilobaldo Carvalho.

Os integrantes do PCC teriam usado um telefone celular de dentro da Penitenciária para avisar a advogada e familiares que haveria a rebelião, acrescenta a reportagem.


Segundo Carvalho, a Sejus atendeu aos pedidos "do jeito que o Celestino disse e esticou o horário de visitas, tirando a rotina dos presídios, além de colocar no cardápio dos presos carne de sol, ervilha, milho e azeitona".

"O medo do Estado com o PCC é tão grande, que logo atenderam às reivindicações dos líderes dos movimentos. Não tinha necessidade de ceder porque não havia refém, e a polícia estava quase dominando a situação. Os rebelados estavam trancados em uma área, que estava cercada de policiais. Não justifica a atitude da Sejus. Isso mostra a fragilidade do sistema", afirmou o sindicalista.

Baseado em reportagem do site UOL

Rayldo Pereira


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