O Cidadeverde.com recebeu nesta terça-feira (2) uma carta atribuída aos detentos do presídio Abel Alonso Nuñez, em Bom Jesus, Sul do Piauí, anunciando o início de uma greve de fome no local. Nela são elencadas várias reclamações, todas voltadas contra o vice-diretor da unidade prisional.
As queixas vão desde ameaças e agressões, passando por privação de água e privacidade, e até perda de itens como cremes para cabelo, pele e axilas.
Três cartas teriam sido encaminhadas ao Ministério Público e ao juiz Mário Soares, além de cápsulas de pistola calibre 12 e 29 chumbos recolhidos dentro do presídio.
Isenta de responsabilidade pelos presos no texto divulgado, a diretora-geral da penitenciária, Roberta Rosal, informou ao Cidadeverde.com que desconhece a greve de fome e afirma que também não recebeu a reclamação por escrito. Ela diz que verificará se as denúncias tem fundamento para tomar eventuais providências.
O vice-diretor Itamar Burlamaqui Cavalcante não foi localizado até a publicação da reportagem.
De ameaçar a tomar creme
De acordo com a carta, o vice-diretor estaria a humilhar detentos, chegando a ameaçar quebrar pernas e braços, como teria ocorrido com outro interno em São Raimundo Nonato.
"Nós queremos pedir socorro porque somos seres humanos também. Nós erramos, sim. mas estamos pagando pelo que fizemos", diz um trecho do texto. Os presos estariam reclamando de ameaças e alegam que não podem ser punidos pelas fugas ocorridas na unidade prisional.
A reclamação inclui ainda redução das roupas e a ausência de banho de sol há 14 dias, recolhimento da vasilha para beber água, falta de privacidade nas visitas íntimas e a retirada de material de higiene.
"Ele praticamente nos tirou tudo como: creme de pele, creme de axilas, creme de cabelo, espelhos, vazilhas (sic), garrafas e cortinas entre outras coisas de nossa necessidade. Só ainda não tirou nossas vidas que foi (sic) o que restou", diz outro trecho.
Novas rotinas
Por telefone, Itamar Bulamarqui, negou que esteja ocorrendo abusos na penitenciária de Bom Jesus. O vice-diretor esclareceu que está implantando novas rotinas dentro dos presídios para melhorar a segurança dos detentos e dos agentes penitenciários. Segundo ele, o modelo que será implantado é o mesmo realizado em São Raimundo Nonato.
“Na limpeza tiramos meia tonelada de coisas inúteis e proibidas dentro do presídio de Bom jesus e é natural ter algum tipo de reação dos presos”, disse Itamar.
Ele ressaltou ainda que informa aos presos que nas vistorias se houver reação dos detentos o agente é autorizado a atirar com revolver calibre 12. “Já informamos os presos que se houver tentativa de motim a orientação é atirar”, disse.
Em Bom Jesus existem 120 presos no presídio. Itamar admitiu que os pavilhões “A” e “B” estão há uma semana sem banho de sol, devido reforma na penitenciária.
“Fornecendo fardas, duas blusas, bermudas, cuecas, lençóis, toalha, três copos, uma bíblia, revista ou um livro, três cartas por mês. O trabalho vai continuar e temos o apoio da Secretaria de Justiça”.
É permitindo somente shampoo - de coloração clara em saco transparente -, sabonete, creme dental, escova de dente (substituída a cada dois meses), detergente, desinfetante, água sanitária e sabão em pó.
Yala Sena (flash)
Fábio Lima (Da Redação)
