A delegada Andrea Magalhães, titular da DPCA, negou que o acusado de estuprar a própria filha seja sexualmente impotente e explicou que é comum os vizinhos e conhecidos não acreditarem na palavra da vítima, pela crueldade do ato. A declaração foi feita em entrevista ao Jornal do Piauí desta quarta-feira (3).

"Os homens que estupram crianças são pessoas aparentemente comuns, não são estereotipadas. Os vizinhos dizem que ele era uma excelente pessoa, mas ninguém sabe o que acontecia dentro da casa. Ninguém comete esse tipo de crime para os outros verem. Os depoimentos dos vizinhas não serão considerados por causa disso", explicou a delegada.

Andrea acrescentou que os derrames sofridos pelo acusado aconteceram há mais de 10 anos e que depois disso ele já teve outro filho com a esposa. "Os AVCs não causaram a impotência. O que aconteceu foi que a mulher teve uma complicação na gravidez e por isso foi aconselhado que ele fizesse uma vasectomia. Mas isso não quer dizer que ele é impotente", disse.

A delegada informou que os áudios apresentados pela vítima já foram enviados para a perícia, mas não são as únicas provas do crime. 

"O depoimento da adolescente é rico em detalhes e só isso bastaria, mas as gravações não deixam dúvidas e mesmo assim é difícil para a sociedade acreditar. Quando os estupros começaram, ela era vulnerável, tinha apenas 10 anos", ressaltou.

As gravações foram realizadas pelo celular da vítima. Em uma das conversas, a adolescente dá a entender que o pai paga entre R$ 20 e R$ 30 para manter relações sexuais com outras jovens. Andrea Magalhães, entretanto, negou que alguma outra vítima tenha registrado queixa na delegacia.

"Estamos investigando se há outras meninas, se são menores de idade, mas ainda não localizamos nenhuma. Se for comprovado, pode configurar prostituição infantil", completou a delegada.