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Policiais civis vão se recusar a trabalhar sem estrutura devida

Agentes e escrivães organizados em todo o Piauí iniciaram neste sábado (6) o movimento "Polícia Civil: Cumpra-se a Lei", com panfletagem para conscientizar a sociedade das condições de trabalho da categoria. Mas o ato pode se tornar mais radical na próxima semana. Ao invés de uma greve, os policiais preferem adotar a postura de só agir caso condições legais de trabalho sejam concedidas. 


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A medida deve atingir em cheio delegacias e setores que possam ter problemas de documentação de viaturas, falta de coletes a prova de balas, carência de munição para armas entre outros, se esses itens não forem concedidos, o policial civil poderá se recusar a participar de diligências e operações, por exemplo. 

Entre os setores que devem ser afetados, segundo fontes do Cidadeverde.com, estão o Núcleo de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, o Grupo de Repreensão ao Crime Organizado (Greco), e Delegacia de Entorpecentes. Nesses locais, maioria dos agentes só atenderá ocorrências mediante a apresentação das condições legais de trabalho, especialmente no que diz respeito a equipamentos de proteção individual.

Reivindicações
Entre as reclamações dos policiais está a discrepância salarial entre delegados e agentes e escrivães, diferença que, segundo a categoria, chega a 370%. 

Outras queixas dizem respeito a questões de trabalho. Os coletes a prova de balas disponíveis estão prestes a vencer (18 de abril). 

Além disso, policiais alegam risco elevado por usarem a mesma munição há cinco anos, além da falta de treinamento de tiro para maioria dos agentes. 

Os escrivães reclamam também a falta de curso especifico para condução de viaturas, de direção defensiva, ofensiva e evasiva.

Mobilização
O Cidadeverde.com apurou que expectativa do movimento, encabeçado por policiais civis, é de abranger todo o Estado. Em Teresina, uma faixa deve ser hasteada neste domingo para chamar a atenção para a causa.

Para ganhar o apoio da sociedade da importância do seu trabalho, agentes e escrivães farão panfletagem, exposição de vídeos e distribuição de cartilhas até o dia 21 de abril. A primeira panfletagem ocorreu na tarde deste sábado na avenida Joaquim Nelson, zona Sudeste.

A mobilização surge dias antes da Assembleia Geral Extraordinária do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Piauí (Sinpolpi). No dia 9 de abril, terça-feira, a entidade vai discutir a proposta de reajuste salarial do Governo do Estado, além das condições de trabalho.

Salário defasado
Cristiano Ribeiro, presidente do Sinpolpi, confirmou que uma reunião realizada com vários policiais neste sábado foi marcada por revolta da categoria em relação a proposta salarial apresentada pelo Governo do Estado. No entanto, medidas como o movimento também apelidado de "Polícia Legal" só devem ser tomadas depois da assembleia de terça-feira. Porém, o Cidadeverde.com apurou que agentes prendiam deflagrar o movimento desde já. 

"Nós temos uma distorção salarial muito grande em relação aos delegados de polícia. E nós temos um acordo firmado com o Governo do Estado em 2011, de forma que um dos pontos acordados é reduzir essa distorção astronômica. Mas a proposta apresentada foi muito aquém", avaliou. 

A intenção do Sinpolpi era reduzir a diferença de salários para que um policial em fim de carreira ganhe 60% do soldo do delegado. Segundo Cristiano, foi sugerido reajuste de 60% em cima do rendimento atual, com parcelamento em quatro anos. 

Fábio Lima
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