A Caixa Econômica Federal pretende conquistar espaço no crédito rural, onde ainda atua de forma tímida, e para isso vai oferecer essa modalidade de financiamentos em mil agências até agosto deste ano, disse à Reuters o vice-presidente de negócios emergentes do banco, Fábio Lenza.

A Caixa realizou um projeto piloto na área de crédito rural - segmento dominado pelo também estatal Banco do Brasil - na última safra em 150 agências. No momento, são 400 agências, e até 1º de julho serão 600 unidades.

O banco vai aplicar 2 bilhões de reais para custeio e investimento do agronegócio em mil municípios até dezembro de 2013, informou o vice-presidente.

O objetivo é trabalhar com produtores e cooperativas de diferentes tipos de cultura, incluindo criação de bovinos, suínos, caprinos e aves e produção de soja, milho, trigo, café, cana e laranja, além da área florestal. Novas culturas poderão ser incluídas conforme a demanda.

Segundo Lenza, a decisão de entrar no crédito rural foi tomada para completar o portfólio da Caixa e atender à demanda de produtores que já são clientes da instituição.

Os produtores que comparecerem às agências com todos os documentos necessários poderão ter acesso ao limite de 300 mil reais no mesmo dia.

O Plano Safra 2013/2014 foi lançado na última terça-feira pelo governo federal, com previsão de alocação de 136 bilhões de reais. Segundo o Plano Safra, os bancos são obrigados a direcionar 34 por cento dos depósitos à vista para o crédito rural.

A Caixa negociou com o Banco Central um escalonamento de 6 por cento no primeiro ano e 13 por cento no segundo ano, até gradualmente atingir os 34 por cento exigidos. "Quando chegarmos aos 34 por cento, teremos mais de 10 bilhões nesta área", disse o vice-presidente do banco.

O projeto é uma das prioridades da nova vice-presidência de negócios emergentes, criada em abril pela Caixa para expandir os negócios em crédito rural, veículos, cartões e seguros.

No financiamento para veículos, a meta da Caixa é gerar 1 bilhão de reais de crédito por mês até dezembro. Atualmente, são 800 milhões de reais mensais, sendo que cerca de 600 milhões de reais são gerados por meio da parceria com o banco Pan.

A Caixa é acionista minoritária do Pan (antes chamado Panamericano), que é controlado pelo BTG Pactual.

Enquanto o Pan atua nas concessionárias com foco nos consumidores, a Caixa vai atender as concessionárias. "Uma relação mais próxima com a concessionária fará com que ela direcione mais negócios de financiamento de veículos para o grupo", explicou Lenza.

De acordo com o executivo, o banco estuda oferecer financiamentos para máquinas e veículos pesados, como caminhões e ônibus, a partir do segundo semestre.

No setor de meios de pagamento, o vice-presidente informou que a Caixa pretende firmar parcerias com grupos varejistas para ampliar sua base de cartões de crédito, que atualmente é de 10 milhões. O objetivo é chegar a uma base de 20 milhões até 2014.

Em janeiro, o banco anunciou o lançamento de uma parceria com TIM e Mastercard para um cartão pré-pago que usará tecnologia de pagamento via celular, e outras devem ocorrer, informou.

A vice-presidência comandada pelo executivo também vê espaço para avançar no mercado de seguros, em especial no segmento de planos odontológicos, que ainda são pouco utilizados pelos brasileiros. "Vejo um grande potencial nessa área, tanto para a nova classe média quanto para produtores rurais", afirmou.