A dona de casa conta que os três eram usuários de droga. “Nunca neguei isso pra ninguém, mas não sei porque isso aconteceu ou porque fizeram isso com os meus três filhos. Só sei que dói demais perder todos eles em tão pouco tempo”, emociona-se Maria do Carmo que ainda possui dois casais de filhos. 

Valdimir foi assassinado na madrugada desta quinta-feira (25) por volta das 1h30. Antes de morrer, a vítima fora vista com um amigo em um galpão que é utilizado desde 2008 como abrigo para famílias atingidas pela enchente e que também serve de ponto para o consumo de drogas, segundo moradores da região. 

O servente de obras, Maurício Gomes Silva, 23 anos, disse que estava com Valdimir e que dois homens em uma motocicleta vermelha passaram por eles. Em seguida Valdimir foi embora e pouco tempo depois, quando estava indo em direção à rua Alonso Carvalho, Maurício diz que escutou cinco disparos. “Eu saí correndo, depois voltei e encontrei ele caído no chão. Cinco minutos depois, ele morreu. A polícia chegou e o corpo foi levado às 4h pelo IML”, descreve. No local foram encontrados quatro cápsulas de pistola. 

Maria do Carmo diz que antes de Valdimir era um rapaz calmo. “Ele dentro de casa era um bom menino e ontem, antes dele ter morrido, passou a tarde toda dormindo e à noite acordou. Eu até briguei com ele porque ele passava o dia dormindo. Ele me disse que era melhor do que ficar na rua. Aí depois me acordam pra falar que ele tinha levado tiro”, lembra. 

Os outros dois filhos, Valdinar dos Santos Silva, 26 anos, foi morto em dezembro de 2011, e Valmir dos Santos Silva, de 21 anos, foi executado em julho daquele mesmo ano. “O Valmir foi levado para o cheiro do queijo por um amigo que chegou dizendo que ia com ele para o Ministério do Trabalho. Nunca ‘dei parte’ porque não sei quem cometeu esses crimes nem por quê”, resigna-se a senhora ao mostrar as fotos dos três filhos mortos. 

Os moradores da região pedem que o poder público tome providências em relação ao galpão onde Valdimir foi visto antes de morrer. Segundo Fátima Lúcia de Moura Leite Costa, 52 anos, membro da Associação de Moradores, o terreno do imóvel foi comprado pela associação. “Estamos esperando o poder público tomar uma providências e faça uma escola, creche ou centro de capacitação. A criminalidade aqui tá muito alta e ninguém pode sair de casa à noite”, reclama. 

Fátima acrescenta que a onda de crimes na região aumentou depois que o posto do Ronda Cidadão foi retirado do bairro porque as unidades agora estão se aglutinando no comando localizado no bairro Ilhotas.