Cidadeverde.com

Câmara cobra responsabilização e multas a poluidores do Parnaíba

Imprimir
A reunião realizada hoje (14) na Câmara de Vereadores de Teresina para identificar os responsáveis pela poluição do Rio Parnaíba que causou a paralisação da Estação de Tratamento de Água (ETA) no dia 20 de julho não conseguiu identificar os culpados pelo crime ambiental. Dos órgãos e entidades convidadas, apenas a empresa Ambev não participou da discussão, alegando prazo exíguo do recebimento do convite.

Léo Torres

Na oportunidade, o engenheiro da Agespisa, Benedito Bezerra, afirmou que a análise feita pela instituição já foi entregue à Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual e detectou um aumento de 130% de matéria orgânica no rio, apresentando odor azedo de material fermentado. "Foi detectado esse aumento, sendo que a matéria orgânica pode ser tanto esgoto doméstico como industrial, mas se sabe que é poluente. Não temos a prova de que material se trata, mas os operadores frisam que foi observado um odor azedo de material fermentado", explicou.

A Ambev enviou comunicado ao Legislativo afirmando que cumpre as normas e legislações para seu regular funcionamento, inclusive no que tange ao descarte de efluentes. A empresa apontou ainda que "as alegações de poluição do Rio Parnaíba imputadas a esta Companhia são baseadas em suposições" e fez um convite aos vereadores para reunião na fábrica para conhecimento do seu funcionamento.


Entretanto, o analista ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Carlos Moura Fé, informou que a empresa Ambev não está cumprindo a lei estadual que trata da Política Estadual de Recursos Hídricos. Segundo ele, há um dispositivo que estabelece que qualquer empreendimento que lance efluente no rio é obrigado a captar água depois do seu lançamento, o que não acontece no caso desse empreendimento. "Essa lei é para evitar que seja lançado efluente sem tratamento pela empresa. Dessa forma, a empresa vai captar a água que ela mesma despejar, podendo ter um prejuízo em seu sistema produtivo, caso não seja tratada. No caso, a Ambev está captando antes do local que ela despeja, contra o que determina a lei", explicou.

A vereadora Teresa Britto afirmou que mesmo não sendo possível identificar os responsáveis pela poluição, a Câmara fará novas reuniões até punir os poluidores e que o problema seja solucionado. Ela pediu que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente passe a multar todas as residências e empresas que estejam despejando lixo nos rios. 


"Constatou-se que produtos industriais e domésticos estão poluindo o Rio Parnaíba a ponto de suspender a produção de água. Ainda não conseguimos detectar quem foram os culpados pela poluição que paralisou a ETA. A Agespisa detectou alteração nos mananciais, mas não  tem a informação de que produto se trata e quem foi o culpado. Faremos uma nova reunião e vamos também saber do Ministério Público se há novos dados para chegar aos culpados e também exigir medidas preventivas", explicou a parlamentar.

Posicionamento Ambev na íntegra
 
“A Ambev não reconhece as irregularidades apontadas pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar) e esclarece que tanto o ponto de captação de água quanto o ponto de lançamento de efluentes de sua fábrica em Teresina seguem rigorosamente as condições que constam da Licença Ambiental de Operação e estão em total conformidade com as coordenadas geográficas estabelecidas na Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos, emitida pela ANA (Agência Nacional de Águas). A companhia esclarece ainda que já apresentou aos órgãos responsáveis documentos e análises que atestam que não há qualquer relação entre o problema de tratamento e abastecimento de água da região com as atividades de sua fábrica na capital. A empresa também já convidou os órgãos fiscalizadores, o Ministério Público do Meio Ambiente e os vereadores de Teresina para visitar a unidade e conhecer seu Sistema de Gestão Ambiental. A companhia conta com os processos mais modernos e eficientes existentes no Brasil para o tratamento de efluentes industriais. A empresa reafirma que as análises das amostras de água coletadas estão totalmente dentro da normalidade e o procedimento de lançamento de efluentes está de acordo com a legislação”.

Da Redação

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais