Nesta quarta-feira, o Parque São Jorge, em São Paulo, recebeu evento que pode marcar um novo rumo ao futebol sul-americano. Durante quase três horas, representantes de grandes clubes, ex-atletas e sindicatos de jogadores se reuniram para definir a criação de uma comissão contra corrupção no esporte mais popular do mundo. Romário, Diego Maradona e José Luis Chilavert foram alguns dos presentes.
Insatisfeitos com o atual modelo de administração da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), os membros do grupo não pouparam criticas aos líderes da entidade. O principal questionamento dos envolvidos na comissão é a possível corrupção existente na instituição, que organiza os principais torneios do continente, como a Copa Libertadores.
“Com o que estamos fazendo nesta quarta-feira, acredito que possamos fazer valer definitivamente o que é certo, justo e sério. O que foi apresentado aqui é uma das maiores vergonhas que já pude ver. Não era capaz de imaginar que existisse uma instituição tão corrupta e desonesta”, afirmou o deputado federal Romário.
A iniciativa de formar uma comissão teve origem no Uruguai, onde um advogado revisou relatórios feitos pela empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers e constatou irregularidades financeiras. A ação ganhou rumos maiores e chegou a outros países, como Brasil, Paraguai, Equador, Venezuela, Peru e Bolívia.
No evento em território paulista, mais de 20 clubes sul-americanos marcaram presença. Entre os brasileiros, Corinthians, Santos e Botafogo, que enviou uma carta. Já entre os internacionais, Peñarol (Uruguai), Nacional (Uruguai), LDU (Equador), Libertad (Paraguai), Caracas (Venezuela), Sporting Cristal (Peru) e Bolívar (Bolívia). O Zamora (Venezuela) foi representado por seu presidente, Adelis Chávez, irmão mais novo do já falecido Hugo Chávez.
Quem precisa brigar e bater dentro da Conmebol são os clubes, ex-atletas e jogadores. Isso é pela dignidade. Aqui ninguém vai correr. Quando todos souberem dos números, terão noção da vergonha que isso é para nós que gostamos deste esporte”, completou o ex-presidente do Corinthians e um dos idealizadores da reunião, Andrés Sanchez.
A expectativa é de que novos encontros aconteçam ainda neste ano. A Argentina, que tem sua associação nacional presidida por Julio Grondona, não teve nenhum clube representado. Outras figuras importantes do futebol, como Careca, o argentino Oscar Ruggeri e o uruguaio Enzo Francescoli marcaram presença no Parque São Jorge.
“Há dinheiro por todos os lados. Vamos saber agora, com a comissão que vamos fazer entre dirigentes e jogadores, onde está todo esse valor que o advogado uruguaio nos mostrou. Estamos realmente tristes. Não é possível roubar tantas pessoas e ao futebol”, encerrou Maradona.
Fonte: GE
