Uma equipe de delegados foi destacada pelo secretário de Segurança, Robert Rios, na manhã desta segunda (23), para iniciar uma investigação especial com o objetivo de chegar ao financiador do crime organizado no Piauí. O crime organizado teve fim com a prisão do ex-coronel Correia Lima, há 14 anos. Porém, foi divulgado um vídeo em que o ex-coronel ameaça matar o secretário e o jornalista Arimatéia Azevedo, responsável por farta divulgação e denúncias do crime organizado.

No vídeo, Correia Lima conversa com um colega de cela na Penitenciária de Parnaíba, identificado como Gerson Chaves Aragão, preso sob acusação de ter participado de um assalto ao Banco do Brasil de Cocal. José Viriato Correia Lima descreve uma oportunidade em que viu Robert Rios na companhia do jornalista Arimateia Azevedo em um shopping de Teresina. Na conversa, o ex-coronel chega a comentar que estava armado com uma pistola .40 e só não teria atirado por conta do apelo de uma neta, que estaria com ele no momento.

Em entrevista ao Jornal do Piauí, Robert Rios deixou claro que o vídeo só foi divulgado para que a população fique ciente da possibilidade de uma reação. "E ele diz que se não puder me executar vai mandar o soldado Moreira. Estou preparado e a população está avisada que na hora que eu reagir já se sabe. Não tenho medo nenhum. Decidimos abrir vários inquéritos pelas ameaças, insultos e pelas pessoas que ele cita que matou no Ceará e Pernambuco. Estamos mandando fitas para as polícias desses estados. O que me deixa triste, chateado, é que, apesar de ele estar há 14 anos preso, ainda tem crimes que ele não responde", explicou.

Durante reunião na manhã desta segunda, o secretário determinou a instalação de uma equipe composta por ex-delegados da Cico e por delegados da Greco, além de policiais civis especializados, para investigarem os crimes pelos quais o ex-coronel recebeu encomenda para executar. 

Segundo Robert, as gravações mostram que Correia Lima recebeu dinheiro para matar. "Ninguém nunca ficou sabendo quem financiava o Correia Lima. Agora, estamos com a ponta do rabo para saber quem financia. Pegamos os crimes que o Correia Lima executou por vontade própria, como o Safaneli, o cabo Honório, o Sinval. Mas, aqueles crimes que ele cometeu a mando ele não responde. Ele diz que recebeu 400 mil dólares para matar um empresário a mando. Vamos ter uma equipe investigando com exclusividade esses crimes", assegurou. 

A polícia, ainda de acordo com o secretário, já tem informações de quem seria o financiador, bem como possui uma lista de nomes de pessoas que executavam os crimes, inclusive aqueles designados para matá-lo e ao jornalista Arimateia Azevedo. "Entre as várias fitas chama a atenção uma. Em uma delas o soldado Moreira afirma que o comandante disse que vai fazer concurso com 400 vagas e o Correia Lima disse: 'olha, diga para ele que eu quero 100 vagas para mim'. Aí é que foi criado o braço armado do crime organizado. Vamos ver se puxamos a ponta do rabo para mostrar a cabeça do financiador", declarou.

Matéria relacionada

Leilane Nunes