Em média, 40 mil pessoas perdem a vida nas ruas e estradas brasileiras, segundo dados do Ministério da Saúde. Quem não morre, muitas vezes fica com graves sequelas e precisa de tratamento de reabilitação específico. No Piauí, o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) é referência neste tipo de atendimento feito através do Sistema Único de Saúde (SUS).

De janeiro de 2012 até este mês de setembro, 211 pessoas deram entrada no Ceir por conta de traumas causados por acidentes de trânsito. São pacientes com as mais diversas sequelas, sendo que a maioria afeta funções funcionais, como falar, se alimentar e andar. O tratamento é difícil e requer bastante força de vontade do paciente, bem como o apoio da família.

Michele Costa, de 35 anos, viu sua vida mudar completamente após ser vítima de um grave acidente de trânsito. Em julho de 2011, ao vir de uma festa em Teresina, ela parou para prestar socorro a um motociclista que havia acabado de cair da moto. Neste momento, um carro conduzido por um motorista que havia ingerido bebida alcoólica atropelou Michele e outras quatro pessoas. Uma pessoa morreu e Michele ficou com o movimento dos membros comprometido por causa de uma lesão medular.

“Cheguei para começar o tratamento de reabilitação deitada em uma maca. Não conseguia fazer nenhum movimento com os braços e nem com as pernas, por mais simples que fossem”, diz Michele, que mora no bairro Parque Piauí, na zona Sul de Teresina.

Entre as terapias ofertadas pelo Ceir, Michele participa da arte-reabilitação, fisioterapia e hidroterapia. Duas vezes por semana ela passa praticamente toda a manhã em tratamento no Centro. Hoje, ela fica de pé nas sessões de fisioterapia. “Cada conquista é como renascimento, uma grande vitória. Infelizmente, sei que não vou recuperar a vida que tinha antes, mas estou me superando a cada dia”, comemora Michele, que deixou de trabalhar e estudar por conta da situação.

Entre as vítimas em tratamento no Ceir, 62 são por conta de acidentes automobilísticos, 136 por casos envolvendo motocicletas e outras 13 são vítimas de atropelamento. A maioria dos pacientes passa pela fisioterapia. Traumatismo crânio-encefálico, as amputações de membros e as lesões medulares são as principais lesões ocasionadas. "O tratamento é individualizado e a duração vai depender de cada caso. O trabalho tem o objetivo de promover o máximo possível a independência do paciente", explica Luis Gustavo Lima.

Um ato realizado nesta quarta-feira (25), Dia Nacional do Trânsito, no Balão do São Cristóvão, zona Leste de Teresina, marcará o encerramento da Semana Nacional do Trânsito. Várias entidades com atuação voltada para a fiscalização e segurança no trânsito estarão reunidas para reforçar a mensagem de paz nas ruas e estradas.

Ao longo da semana, várias atividades foram realizadas em todo o país por conta da data. Em Teresina, o destaque é a exposição, nas principais avenidas da cidade, de carros que se envolveram em acidentes.