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Atlético-MG quer mudar impostos pagos por clubes brasileiros

"Se você tem uma fábrica de parafuso e bloqueia a receita dela, ela vai parar de produzir parafuso. O mesmo acontece com um clube de futebol".

O paralelo é traçado pelo diretor jurídico do Atlético-MG, Lásaro Cândido da Cunha, como forma de chamar a atenção para os efeitos que o bloqueio dos R$ 54 milhões retidos pela Fazendo Nacional na transferência de Bernard para o Shakhtar Donetsk traz ao dia-a-dia do clube. Segundo a projeção interna, a quantia seria suficiente para bancar até dez meses de sua folha de pagamento. É pensando nisso que o time alvinegro se articula para assumir uma nova frente de batalha.

Mesmo tratando como prioridade a liberação do valor de Bernard, a equipe pretende propor ao Governo uma revisão também no sistema tributário do futebol brasileiro. A avaliação é de que ele se encontra ultrapassado.

"É um modelo que foi criado para beneficiar os clubes e hoje prejudica todo mundo. Temos no Brasil uma parte previdenciária que cobra 5% do faturamento das instituições, em substituição a uma alíquota que no passado era de 20%. Na época, isso foi feito para ajudá-las, os salários dos atletas eram menores em relação ao faturamento.

Esse processo se inverteu com o passar do tempo, os times conseguem agora uma receita elevada com direitos de imagem, contratos de TV e licenciamento. Então, o que era um privilégio virou um ônus, considerando que você tem setores da economia que pagam apenas 0,1 % da folha de salário", explica Lásaro Cândido ao ESPN.com.br.

A conclusão do cartola atleticano é de que, mesmo carregando uma natureza diferente, os clubes contribuem mais do que a maioria das empresas atualmente.

No projeto, o Atlético-MG conta com o apoio de uma bancada do PT, que vem apresentando aos dirigentes interlocutores no Governo para avançar não apenas na situação envolvendo Bernard como também na mudança do sistema vigente de tributação. Um dos principais entusiastas da ideia, o advogado alvinegro não teme possíveis críticas à proposta.

"Acredito que existe um preconceito de modo geral na mídia, inclusive, que não se pode falar desse assunto e já se cogita privilégio a clubes. Vejo esse discurso de que os times são beneficiados, mas eles são tratados com mais rigor no mercado", afirma Cândido da Cunha.

"A cobrança de 5% sobre o faturamento era pequena. Tínhamos uma folha relativamente baixa e um faturamento baixo, então, você pagar essa porcentagem em relação às empresas em geral era um benefício. Com o decorrer do tempo, o Governo foi flexibilizando essas alíquotas e reduzindo em alguns casos para 0,1% sobre a folha.

O que está acontecendo: os clubes seguem pagando 5% em cima do faturamento, muito superior na comparação com os salários. É uma distorção que existe e ninguém discute. Em geral, reclama-se sem saber exatamente o motivo. Estamos em crise", prossegue.

O diretor jurídico do Atlético-MG não estipula um prazo para resolver o imbróglio, mas conta com o aval da maioria dos representantes da Série A, conforme consulta feita pela reportagem.


Fonte:MSN

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