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Pai de Philipe: intervenção da polícia no bairro Promorar é paliativo

O pai do menino Philipe Hatus de Lima Guerra - menino de 6 anos que foi morto por uma bala perdida no bairro Promorar, zona Sul de Teresina - declarou que a intervenção da Polícia Militar no bairro será uma solução paliativa. Em entrevista ao Jornal do Piauí desta sexta-feira (21), Robson Guerra confirmou a realização de uma caminhada para pedir paz à região.

Evelin Santos/Cidadeverde.com

"Queremos mudar o foco da questão. Meu filho tem transformado vidas Não adianta prender, espancar uma pessoa. Remédio para dor não cura a doença, só para a dor. O que estão fazendo é um paliativo. O que precisamos é de quadras, de escola, de áreas de lazer, de conscientização", destacou Robson, esclarecendo que não é pastor, mas sim um membro da Assembleia de Deus.


A caminhada pela paz no Promorar será realizada neste domingo (23), às 9h. A concentração será na avenida principal do bairro. "Gente de qualquer religião pode ir. Vamos orar para que a situação mude, vamos sensibilizar", explicou o evangélico.

Perdão aos atiradores

Robson Guerra acrescentou que está acompanhando a repercussão das declarações que deu no dia seguinte à morte de seu filho. Ele disse à imprensa que perdoa os assassinos de Philipe. 


"Eu frisei que não sou Deus para perdoar, mas me sinto na obrigação social de liberar esse perdão, como cidadão. Esse é um sentimento pessoal e na minha família esse sentimento também prevalece, porque sabemos que meu filho está em um lugar bom e não iria querer voltar. Não queremos fazer justiça, não temos essa intenção", ressaltou.

O evangélico reafirmou que não tem interesse de fazer justiça com as próprias mãos. "Não tenho interesse de tirar a vida dessa pessoa, nem de fazer nenhum mal. Eu também falhei. Falhei com o Estado, com o Promorar. A falha partiu de mim, de todos nós", argumentou.


Angústia 

O pai de Philipe disse ainda que não tem conseguido dormir desde a morte do filho e que se mudará de casa, mas permanecerá no mesmo bairro. 

"Eu pensei que estivesse sozinho nessa batalha, mas centenas de pais disseram que não dormiram também desde então e que a primeira coisa que fizeram foi abraçar seu filho. Essa pessoa não matou meu filho, ela matou a mim e à mãe dele. Estamos completamente destruídos", contou.


Apesar do sentimento, Robson garantiu que não sairá do bairro. "Não posso voltar para casa, porque o sangue do meu filho está na porta. Não tenho condições de voltar. Mas o Promorar é o melhor lugar para se viver. Lá tem famílias maravilhosas, que senta na porta, que se acolhe. O que aconteceu com meu filho foi uma fatalidade, o bairro só precisa de ajuda", finalizou.

Jordana Cury

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