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Dinho Ouro Preto garante que parou de beber e fumar maconha

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Podemos fazer a entrevista no carro, no trajeto até o Projac?”. A proposta da produção de Dinho Ouro Preto veio após dias de negociação. Mas o motivo da demora, o cantor garante, não foi má vontade. Na ponte aérea entre Rio e São Paulo, ele tem espremido compromissos entre as gravações de “SuperStar”, os shows e a produção do novo disco do Capital Inicial. Aos 50 anos, com três filhos e 15 álbuns na bagagem, Dinho não perde o fôlego. Pontual, o curitibano criado em Brasília desce ao saguão do hotel onde está hospedado, na Barra, e, de bermuda e camiseta, mostra-se à vontade para falar de tudo, da fama às drogas.

Foto: Roberto Moreyra
Dinho Ouro Preto: 'Nunca estive tão saudável como agora, aos 50'

A participação no “SuperStar” fez o assédio do público aumentar?
Sempre fui bastante abordado por fãs, mas agora a coisa está generalizada. São crianças, senhoras, pessoas de todas as classes sociais. Semana passada fui ao Nordeste e, no aeroporto, não consegui me mexer. Tentei me esconder num canto, mas uma criancinha pediu autógrafo e outras pessoas viram que alguém estava sendo abordado, então se aproximaram. Isso gera um efeito bola de neve, começa a criar tumulto e dá até um pouco de pânico. Não é por vaidade, mas em aeroportos maiores tenho pedido uma sala separada. Quando isso não é viável eu relaxo e, na medida do possível, tento atender a todos. Nem nos momentos de pico do Capital tive isso.

É difícil julgar bandas de outros estilos musicais no reality show?
Aprovar ou desaprovar uma banda é sempre algo subjetivo. A arte não é uma ciência exata. Por isso, é perfeitamente legítimo discordarem de mim. Estou ali para avaliar bandas de rock, mas também muitas outras que fogem do meu universo. Então me esforço para julgar a eficiência com a qual elas executam. Não é que eu não goste de forró ou pagode. Embora eu goste de rock principalmente, alguns princípios se aplicam a todos os estilos. Gosto sobretudo de coisas menos produzidas, de algo em que você veja autenticidade.

E quando há mais de uma banda boa, mas de estilos diferentes?
O programa está afunilando e, cada vez mais, vira uma escolha de Sofia. Se a banda chegou até aqui, é porque tem qualidade. Posso estar enganado, mas o programa caminha para os jurados escolherem a banda que apela mais ao seu gosto. É bom salientar que esse programa tem um quê de brincadeira. Estamos ali para dar nossa opinião, mas não é uma corrida, não vamos dizer quem é o melhor. Um mesmo disco meu já foi elogiado por um jornal e detonado por outro. Não existe unanimidade. Os músicos não podem se deixar abater pelos momentos ruins, nem ficarem bêbados de euforia pelos bons.

Como é a convivência com Ivete e Fábio Jr.? Você já os conhecia?
Dividi o palco com Fábio Jr. há alguns anos, num réveillon. Já conhecia Fiuk, e foi ele que me levou ao camarim do pai. Com a Ivete, já toquei inúmeras vezes. A Ivete é um privilégio. Mas o convívio com a equipe toda é ótimo. Boninho (o diretor), por exemplo, fez o primeiro videoclipe do Capital, há 28 anos, “Música urbana”. Então é sensacional revê-lo e poder me aproximar mais. Isso vale também para Ivete. Tenho a impressão de que ela opera em outra frequência. Parece maior que a vida.

Foto: Nina Lima
O cantor com os colegas do “SuperStar”


Você é pai de Giulia, de 17 anos, Isabel, de 15, e Affonso, de 8. Eles já te apresentaram alguma banda?
Giulia me apresentou Lorde e eu passei mal. Pior que ela tem a mesma idade da cantora! Quando ouvi, pensei: “como é possível?”. Ela é bem ligada ao rock e nós ouvimos muitas coisas em comum... Arctic Monkeys, Cage The Elephant, The Killers, Muse, além de clássicos, como Beatles e Rolling Stones.

Já conversou com seus filhos sobre assuntos como sexo e drogas?
Minha vida está toda na internet, né? Basta googlar meu nome (risos). Minha posição nunca foi a de sentar e dizer: “minha filha, temos que conversar sobre drogas”. O assunto surge em vários contextos. Somos uma família com convívio bastante intenso. Todos os assuntos são abordados, entre eles sexo e drogas. Meus filhos têm uma ideia clara sobre o que eu acho a respeito de quase tudo.

Como você conseguiu mudar o hábito em relação às drogas? O convívio no meio artístico dificulta?
Vai fazer um ano que parei de beber e fumar maconha. As drogas mais pesadas, faz anos que parei de usar. Procurei uma psiquiatra, tomei remédio e estou limpo. As pessoas tomam drogas na minha frente, mas até agora não tive recaída. Não foi uma opção moral, foi questão de saúde. Senti o quanto estava prejudicando o meu trabalho, meu convívio com a família e meus relacionamentos em geral. Hoje, não tomo uma gota de álcool para subir no palco. Essa foi a minha maior conquista. Fiz o teste ergoespirométrico (que avalia o nível de aptidão física) e recebi a classificação excelente. Nunca estive tão saudável como aos 50 anos. Vou à academia e corro todos os dias.

Você ficou com alguma sequela da queda que sofreu do palco (em 2009, ele caiu de uma altura de 3m e ficou um mês internado)?
Consegui superar o tombo, mas volta e meia ainda tenho pesadelos ligados a ele. É a única sequela que ficou.

O que explica o sucesso que o Capital Inicial faz até hoje com o público adolescente?
Embora não sejamos mais uma banda de punk rock, até hoje alguns elementos dele estão presentes no nosso trabalho. As músicas são simples, a gente quer que um garoto possa pegar uma guitarra e reproduzir o som em casa. E no texto também não usamos de uma complexidade hermética. Não é uma poesia abstrata ou algo para ninguém conseguir entender. É possível desenvolver ideias complexas com palavras simples. Esse é o fundamento do punk, e isso tem apelo com a garotada.

Como será o novo disco do Capital?
Decidimos lançar o disco no meio de uma tempestade que acontece no Brasil. Se não sair durante a Copa, será entre a Copa e as eleições. É um período turbulento. Por isso, “Viva a revolução” será diferente de todos os outros. Será um EP, com seis músicas, o que permite um preço de venda bem mais baixo. Além disso, escolhemos um produtor que trabalhou no nosso primeiro compacto, o Liminha, que é uma espécie de papa do rock brasileiro. Pela primeira vez a gente traz artistas convidados, representantes de duas gerações que nos sucederam. Dos anos 90, escolhemos Thiago Castanho, do Charlie Brown Jr., e, do século 21, Cone Crew Diretoria.

Foto Divulgação / Marcelo Rossi Foto: Agência O Globo
 
SC Exclusivo Rio de Janeiro (RJ) 20/12/2012 banda de rock Capital Inicial.. 


Fonte: Extra
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