Cidadeverde.com

Torcedora chilena-brasileira quer empate no jogo entre os dois países

Imprimir
Não importa o placar do jogo entre Brasil e Chile que acontece neste sábado (28) pelas oitavas de final da Copa do Mundo, o resultado vai ser um só: o coração-corazón da advogada Susana Ban, 39 anos, vai estar chorando de alegria e de tristeza. Filha de chilenos, ela nasceu no país da Cordilheira, mas cresceu no país do Planalto Central. Neste mundial, já viu partidas dos dois times nos estádios e vibrou tanto pela Seleção Canarinho quanto por La Roja. Apesar de na certidão de nascimento ser da pátria de Pablo Neruda, ela também tem a mesma nacionalidade de Manuel Bandeira. Aliás, saber que bandeira agitar hoje está sendo um problemón pra ela. 


"Nasci em Santiago, mas mudei-me para o Brasil aos dois anos com meus pais e nunca morei no Chile, apenas visito minha terra natal. Quando soube que a copa viria pra cá, fiquei muito ansiosa e consegui comprar os ingressos para a abertura, semifinal e final. Depois, o Chile conseguiu sua vaga e soube que iria jogar em São Paulo, onde moro. Também consegui os ingressos. Eu sabia que o Brasil e Chile podiam se enfrentar nas oitavas, mas num grupo com Holanda e Espanha, seria quase um milagre... mas as duas primeiras rodadas foram dos meus sonhos, até meu mundo cair, ao ter a certeza que brasileiros e chilenos iriam se enfrentar", relata. 

No primeiro jogo do Brasil ela estava lá com os pais, Lia e Fernando, devidamente amarelinhos. "Chegamos bem cedo e apesar de toda confusão e desorganização, foi emocionante poder levar minha mãe a um jogo de Copa do mundo. Realização de um sonho. Meu pai já tinha tido a oportunidade de assistir a jogos de copa em 62, na copa do Chile! Muita empolgação e nervosismo. Minha mãe parecia uma criança de feliz, meu pai mais tenso. Hino Nacional à Capela e, depois, 3 a 1 foi só alegria na volta pra casa", relembra.


A família toda também assistiu à partida Chile x Holanda, que também aconteceu na Arena de São Paulo. "Parecia um jogo no Estádio Nacional de Santiago! Que emoção ouvir o hino chileno sendo cantando aos berros! Minha mãe chorou, meu pai, não, mas com certeza, estava emocionado. Eu tremia de emoção! A Holanda fechou os 2 a 0, sacramentando Brasil e Chile nas oitavas... e o pior, os brasileiros presente no estádio, que em sua maioria estavam apoiando o Chile, de repente, se deram conta de quem seria o próximo adversário do Brasil e as coisas mudaram um pouco no final do jogo. Sair do estádio ao som de 'Ô Chile, pode esperar, a sua hora vai chegar', não foi o final que imaginei para esse jogo. Mas a vida real é assim e nem sempre existe o final feliz", descreve a advogada. 


Susana diz que é difícil escolher para quem torcer na partida deste sábado, pois sente que seria como uma traição a um dos países que tanto ama. "Os otimistas me dizem para relaxar pois qualquer que seja o resultado eu terei uma seleção pra torcer nas quartas; Os pessimistas me dizem que eu devo mesmo sofrer já que uma das minhas seleções vai, inexoravelmente, cair. Vivo tentando me justificar para brasileiros e chilenos, que me crucificam independentemente da minha escolha, que aliás, não consigo fazer. Quero que venha um empate e que a prorrogação não tenha gol. Depois, venham os pênaltis pois quando a coisa chega nesse estágio vira loteria.", deseja. 


A vida de Susana na Copa poderia ser uma telenovela mexicana ou um tangão argentino. Mas é um drama bem chileno-brasileiro: e agora, quem poderá ajudá-la? Aguardemos os próximos episódios de "Brasil, Chile y un Corazón Partío".

Carlos Lustosa Filho
Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais