Cidadeverde.com

Justiça com as próprias mãos não resolve problema, dizem especialistas

Especialistas reafirmam que ações populares para se fazer justiça com as próprias nãos não irão resolver o problema da segurança pública. Em debate no Jornal do Piauí desta segunda-feira (4), convidados apontaram que reação durante assalto e linchamentos não são alternativas para quem é vítima de crimes. 

O coronel Márcio Oliveira, subcoordenador de operações da Polícia Militar, afirma que não se deve reagir a assaltos e os próprios policiais são orientados a esperarem o momento certo para agir.

"No momento em que o assalto está em andamento a única preocupação da vítima deve ser sobrviver ao assalto", declarou o coronel, apontando como importante se evitar comportamentos, locais e horários de risco. 

O subcoordenador enumera ainda diversas açõs da polícia, como o aumento das apreensões de armas de fogo - 418 só no primeiro semestre. "Mas os problemas são maiores. Se nós agirmos somente nos efeitos e não nas causas, nós vamos ficar, como dizem por aí, enxugando gelo". 

Arnaldo Eugênio, especialista em segurança, aponta que as reações da população são um reflexo da descrença no sistema jurídico como um todo. Ele criticou a falta de planos estratégicos de segurança nos programas de governo de candidatos nas eleições deste ano em todo o Brasil.

Apesar de reconhecer o problema, Arnaldo Eugênio aponta que linchamento não é a solução e pode abrir brechas para injustiças. E se não for comprovado? E se não houver a materialidade do crime?, questionou. "A qualquer momento um desafeto meu pode criar um fato fictício e gerar um tumulto. A qualquer momento um de nós pode viver um momento desses. O linchamento é uma ameaça ao estado democrático", afirmou. 

O especialista defende a participação da família e políticas públicas que evitem os jovens de chegarem ao mundo das drogas. E alerta: se isso não mudar, sempre surgirá um bandido para cada outro que for morto. "Se a população acredita que é matando o bandido que ela vai diminuir a criminalidade, ela comete um equívoco".

Fábio Lima
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais