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Bailarino piauiense supera preconceito e é contratado por companhia em MG

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Do palco do Teatro do Boi, no Bairro Matadouro em Teresina, para ser aplaudido em Minas Gerais como bailarino profissional. Assim, aos 18 anos, teve início a carreira do jovem talento piauiense Miguel Eugênio que acaba de ser contratado pela companhia de dança mineira Sesiminas. O garoto que frequentava aulas de ballet escondido dos pais, hoje ajuda a família com o dinheiro conquistado através de sua arte, a dança.

A inspiração para a dança veio de dentro da própria casa através da irmã que fazia aulas no Teatro do Boi. Miguel Conta que, ainda sem muito jeito, tentava imitar cada passo repetido por ela, até que um dia resolveu fazer uma aula como ouvinte.

"Sempre acompanhava as apresentações de dança dela e um dia resolvi entrar em sala para fazer aula, mas meus pais chegaram e foi aquele susto. Minha família não queria que eu dançasse. Neste dia, peguei minha roupa e fomos embora", relembra o bailarino.

Filho do caminhoneiro Miguel Eugênio de Sousa e da dona de casa Marlene de Sousa, o jovem talento conta que um dos principais obstáculos na iniciação à dança veio devido ao preconceito, à associação da dança com a homossexualidade. Antes de começar dançar às escondidas, ele disse que levou os familiares para assistir a uma aula de dança para tentar convencê-los, mas a tentativa foi desastrosa.

"Na sala de aula, meus pais viram bailarinos com opções sexuais variadas e o preconceito falou mais alto. Eles não aceitavam e não entendiam que não há relação entre uma coisa e outra. O professor tentava convencê-los de que eu tinha um físico bom, mas os dois não queriam saber", reitera.

Miguel Eugênio relembra ainda que no caminho em busca do seu sonho, teve que mentir, e ao ser flagrado pela mãe levou uma surra de corda.

"Fiz uma audição para uma companhia e sempre que ia fazer aula de dança, dizia para minha mãe que estava na lan house ou na biblioteca. Um certo dia, ela me ligou insistentemente e eu não atendi por que estava em aula e quando eu cheguei em casa disse a verdade e apanhei muito, mas só serviu para eu não parar. Ela chegou a dizer que já que eu queria tanto dançar, era para morar na casa da professora pois ela não ia criar filho bailarino", conta aos risos.

Entre tantas outras histórias guardadas na memória do bailarino clássico, a primeira sapatilha que ganhou da própria namorada e um short para prática de vôlei que era usado como malha de dança.

"Eu não podia comprar uma sapatilha e ao completar sete meses de um relacionamento, minha namorada me presenteou e acho que foi o melhor presente que podia ganhar. O problema é que não podia levar para casa e ao fim de cada aula, ela levava as sapatilhas e me entregava no dia seguinte", destaca.

O reconhecimento do talento artístico de Miguel Eugênio teve inicio após contato com o coreógrafo Sidh Ribeiro, que concedeu uma bolsa integral em sua academia, o Le Ballet Studio de Dança. Em um curto espaço de tempo, Miguel Eugênio disputou uma edição do Festival de Dança de Teresina e recebeu a indicação para participar o Youth American Grand Prix, em São Paulo, em 2011, uma das maiores competições de dança para jovens talentos no mundo inteiro. 

"O Miguel chegou até a minha escola por indicação do professor Victor Sampaio, que ministrava aula na Escola Técnica de Teatro Gomes Campos, onde ele fazia aula. Desde o início, percebi o talento do garoto e também tive conhecimento da resistência da família. Fui pessoalmente a sua casa e dois dias depois, o pai do Miguel foi à minha escola e após uma longa conversa, consegui convencê-lo. O pai disse que desde então iria apoiar o filho em tudo e todos fomos às lágrimas", relembra o coreógrafo Sidh Ribeiro.

Com o consentimento da família, Miguel Eugênio fez inúmeras apresentações no Piauí e fora do Estado e conquistou alguns prêmios. Desde março deste ano, o bailarino piauiense reside em Minas Gerais- BH, e foi contratado como bailarino clássico profissional da companhia Sesiminas. Agora, aos 21 anos, planeja voos ainda mais longe.

"É difícil ficar longe da família, namorada e amigos. Sonho em crescer cada vez mais nessa área que escolhi para a minha vida e continuar a me dedicar ao máximo possível. Espero voltar um dia para Teresina e mostrar o que aprendi.Tenho muito o que aprender agora. Vou explorar o Brasil e quem sabe um dia dançar fora do país também", planeja o bailarino.


Da Editoria de Cidades
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