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14 dúvidas comuns sobre o câncer de mama resolvidas por especialistas

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Prevenção. Esta é a palavra chave quando o assunto é câncer de mama. Porém, dúvidas sobre como se prevenir, a partir de que idade se autoexaminar etc., ainda intrigam muitas mulheres.

Ricardo Caponero, médico oncologista da CLINONCO (Clínica de Oncologia Médica), com especialização em Oncologia pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clinica (SBOC) e Coinvestigador de Pesquisas Clínicas Nacionais e Internacionais Multicêntricas, explica que câncer de mama é um conjunto de doenças neoplásicas que se originam a partir do tecido mamário.

Inevitavelmente o tema assusta a maioria das mulheres. Não por acaso…

Alexandre Chiari, médico oncologista da Oncomed BH, destaca que o câncer de mama é a neoplasia mais frequente na mulher.

As dúvidas mais frequentes sobre câncer de mama

Abaixo os profissionais esclarecem as dúvidas mais comuns sobre o câncer de mama. Confira:

1. O câncer de mama pode atingir mulheres de todas as idades?

O médico oncologista Ricardo Caponero explica que o câncer de mama é raro antes dos 25 anos. “Mas, a partir daí a incidência cresce de forma exponencial, atingindo o máximo entre os 55 e 69 anos de idade. Depois dessa idade as taxas se reduzem um pouco”, diz.

2. Câncer de mama é uma doença “comum”?

O médico Ricardo Caponero destaca que tudo depende de como se olha para os números. “Nos Estados Unidos estima-se que 1 a cada 8 mulheres vá desenvolver uma neoplasia de mama ao longo de sua vida (o risco para a vida toda é 12,5%). No Brasil, temos 57.124 casos novos por ano, o que dá mais ou menos um Itaquerão cheio de mulheres, ou um caso novo a cada 8 minutos”, diz.

“Agora, quando você divide o número de casos novos pela população, o risco é estimado em 56,09 casos a cada 100 mil mulheres, ou seja, mais ou menos um caso em cada 1800 mulheres”, explica o oncologista Ricardo Caponero.

3. A partir de que idade é recomendado fazer o autoexame das mamas?

Ricardo Caponero explica que se recomenda que o autoexame das mamas seja feito mensalmente a partir dos 20 anos de idade, quando a mama já está completamente formada. “Mas ele pode ser substituído pelo exame clínico (realizado pelo médico) ou pelos exames de rastreamento recomendados para cada faixa etária”, destaca.

O médico Ricardo Caponero acrescenta que é importante que a mulher conheça seu corpo e, particularmente, suas mamas. “No entanto, algumas pacientes sentem-se inseguras por achar que podem não estar se examinando adequadamente. Nessas circunstâncias, elas podem ser treinadas por médicos ou enfermeira capacitadas, ou podem abdicar do autoexame, desde que o façam com seus médicos”, explica.

4. O autoexame das mamas deve ser feito mensalmente?

Ricardo Caponero explica que sim. “É um exame totalmente indolor. O ideal é realizá-lo na fase do ciclo menstrual onde as mamas estejam menos doloridas, sempre na mesma época do ciclo (não no mesmo dia do mês). Dessa forma a mulher pode perceber mudanças nas suas mamas”, diz.

O médico oncologista Alexandre Chiari destaca que, para as mulheres que não menstruam mais, o autoexame deve ser feito num mesmo dia de cada mês. Por exemplo, todo dia 10.

“Durante o autoexame a mulher deve procurar: deformações ou alterações no formato das mamas, abaulamentos ou retrações, ferida ao redor do mamilo, caroços nas mamas ou axilas e secreções pelos mamilos”, destaca o médico Chiari.

Porém, é muito importante destacar que o autoexame não basta, conforme ressalta o oncologista Caponero. “Ele não é suficiente. Não dispensa a realização das mamografias, que devem ser realizadas anualmente a partir dos 40 anos de idade (como recomendam as sociedades brasileiras de mastologia e de oncologia clínica), ou a cada dois anos, a partir dos 50 anos (como quer o Ministério da Saúde). A mamografia anual a partir dos 40 anos é garantida pela Lei 11.664/2008 que entrou em vigor em 29 de abril de 2009”, explica.

5. A maioria dos casos de câncer de mama tem cura?

O oncologista Ricardo Caponero destaca que, quando diagnosticados em fase precoce, sim, a maioria tem cura. “A chance de cura para tumores menores que 1 centímetro, sem comprometimento dos linfonodos (ínguas) da axila, é de aproximadamente 98%”, explica.

“As maiores taxas de cura se dão pelo diagnóstico precoce e tratamento adequado”, acrescenta Caponero.

6. A partir de que idade a mulher deve começar a fazer mamografias?

Esse é um ponto de grande controvérsia. Ricardo Caponero explica que o Ministério da Saúde está fazendo uma consulta pública a esse respeito. “Segundo os especialistas, e garantido por lei, está a realização a partir dos 40 anos de idade. Segundo quer o governo, para reduzir custos e aumentar a efetividade, só a partir dos 50 anos”, diz.

O oncologista Caponero explica ainda que algumas pacientes com risco mais elevado, em função de síndromes genéticas familiares, podem precisar de exames de rastreamento antes disso. “Mas antes dos 40 anos as mamas são relativamente densas, o que diminui a sensibilidade do método. Nesses casos, quando o risco de desenvolver câncer ao longo da vida ultrapassa os 20%, o recomendado é a realização de ressonância magnética”, destaca.

“Também vale a pena lembrar que estamos falando de mulheres sem nenhum sintoma e sem nenhum achado anormal ao exame. Nessas situações, falamos de mamografia de rastreamento. Quando a mulher tem sintomas ou achados anormais ao exame físico, aí não se trata de rastreamento, mas sim de exame de esclarecimento diagnóstico, e esse pode ser realizado em qualquer idade”, esclarece o médico Ricardo Caponero.

7. Se alguém da minha família já teve câncer de mama, provavelmente vou ter também?

“De forma alguma! Vale lembrar que o câncer de mama é uma doença relativamente comum, por isso, um caso desses (de duas pessoas da mesma família terem a doença) pode ser mera coincidência”, destaca o oncologista Ricardo Caponero.

No entanto, ressalta o médico, o risco se eleva em pacientes com parentes de primeiro grau, e é tanto maior quanto mais parentes tiverem câncer de mama. “O risco também é maior nos casos de tumor de mama em homens, câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos, câncer de ovário, ou quando há muitos casos de neoplasia, principalmente neoplasia de cólon”, explica Caponero.

8. Se ninguém da minha família teve câncer de mama não corro o risco de tê-lo?

O oncologista Ricardo Caponero explica que o risco é maior quanto mais próxima for a relação de parentesco e quanto mais casos houver na família. “Isso acontece porque há algumas síndromes (conjuntos de doenças) relacionadas com alterações genéticas que predispõe ao surgimento de neoplasias. A mais famosa é a síndrome BRCA1/BRCA2 (da Angelina Jolie), mas também podem ocorrer alterações no gene p53 (Síndrome de Li-Fraumeni), no PTEN (Síndrome de Cowden), do gene da Atelectasia-Teleangectasia, e outras. Também há algumas síndromes de comportamento hereditário, mas para as quais não sabemos quais são os genes responsáveis. No entanto, cabe lembrar, que tudo isso é apenas uma questão de risco”, destaca.

9. Existem alimentos que aumentam o risco de câncer de mama?

O médico oncologista Alexandre Chiari explica que não existem dados comprovados em relação a alimentos específicos, mas, sim, à obesidade, que aumenta a incidência de câncer de mama.

Ricardo Caponero destaca que é dito que carnes gordas podem aumentar o risco, assim como o sobrepeso e a obesidade e a ingestão frequente de bebidas alcoólicas. “Assim sendo, recomenda-se uma dieta equilibrada e saudável, com a prática regular de exercícios físicos”, explica.

10. Existem fatores ambientais que podem aumentar o risco de se ter câncer de mama?

O médico Ricardo Caponero responde que sim. “Não temos certeza quanto ao trabalho noturno ou a exposição à poluição atmosférica, mas o uso de esteroides exógenos (reposição hormonal ou indução de ovulação para tratamento da esterilidade), o tabagismo e o uso de alguns plásticos colocados em micro-ondas podem causar um aumento no risco”, esclarece.

11. Existem hábitos de vida que podem aumentar o risco de se ter câncer de mama?

Alexandre Chiari destaca que consumir bebidas alcoólicas é um dos hábitos que pode aumentar o risco de se ter câncer de mama.

Ricardo Caponero reforça que a vida sedentária e o peso acima do normal são hábitos comprovados para o aumento do risco de se ter câncer de mama. “Deficiências de vitaminas, estresse e depressão são fatores que ainda são considerados especulativos”, acrescenta.

12. O estresse pode estar relacionado ao desenvolvimento do câncer de mama?

O médico oncologista Ricardo Caponero explica que existe relação entre estresse e imunidade, mas ainda não se conseguiu comprovar quantos casos se originam na correlação desses fatores. “Por enquanto essa é apenas uma especulação”, diz.

13. Existem maneiras de prevenir o câncer de mama?

Ricardo Caponero destaca que sim e que isso é muito importante. Ele cita as principais medidas:

- Ter um estilo de vida saudável (dieta adequada e exercícios regulares).

- Não fumar.

- Beber o mínimo possível.

- Evitar o uso de hormônios exógenos (externos e adicionais ao fisiológico).

- Dar preferência a aquecer a comida no micro-ondas em recipientes de vidro ou cerâmica, evitando os plásticos.

“Há alguns medicamentos que podem reduzir a incidência de câncer de mama. Os que possuem comprovação são o tamoxifeno, tanto na pré como na pós menopausa; o anastrozol e o exemestano, na pós menopausa. É discutido algum papel preventivo para os inibidores da osteólise (usados no tratamento da osteoporose) e para o fenretide (um tipo de retinóide)”, acrescenta o médico Ricardo Caponero.

O médico oncologista Alexandre Chiari destaca ainda, além da necessidade de se manter o peso adequado (com alimentação saudável e atividade física regular) e evitar uso de bebidas alcoólicas, a prevenção secundária por meio da mamografia.

14. O câncer de mama também pode atingir os homens?

O câncer de mama é uma doença rara no homem. Para cada 100 mulheres apenas 1 homem é diagnosticado com a enfermidade, geralmente em um estágio mais avançado.

A idade média de apresentação é dos 65 aos 70 anos (cerca de 10 a 15 anos mais tarde que nas mulheres).

Ellias Abreu, médico oncologista da Oncomed BH, explica que na maioria das vezes o câncer de mama no homem apresenta-se como uma massa endurecida na região do mamilo, muitas vezes, erroneamente diagnosticada como ginecomastia. A realização de mamografia e a biópsia da lesão estão indicadas quando há suspeita da doença.

Ainda de acordo com o médico, os fatores de risco são os mesmos das mulheres, destacando-se exposição a hormônios femininos, sedentarismo, obesidade, tabagismo, etilismo e fatores genético. “Há também condições específicas do homem que favorecem o aparecimento do câncer de mama, como criptorquidia (testículos na cavidade abdominal), ginecomastia (geralmente secundária ao uso de medicamentos), doenças do fígado (cirrose, esquistossomose) e síndrome de Klinefelter (um distúrbio genético raro no qual ocorre feminilização dos caracteres sexuais masculinos)”, completa.

O tratamento do câncer de mama masculino geralmente segue os mesmos princípios do tratamento utilizado para as mulheres.

Agora provavelmente você já esclareceu suas principais dúvidas sobre o câncer de mama e sabe da importância de se prevenir contra esta doença. Siga um estilo de vida saudável e não deixe de se consultar frequentemente com um médico de sua confiança!

 

Fonte: Dicas de Mulher

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