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Jovens deputadas causam comoção entre veteranos na Câmara

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Em um ambiente predominantemente masculino, como o Congresso Nacional, a presença de jovens deputadas causa comoção entre parlamentares veteranos. E, na Câmara, três delas se destacam: Shéridan Estérfany (PSDB-RR), Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Brunny Gomes (PTC-MG). Ao todo, foram eleitas 51 no ano passado.

Ainda em fase de adequação de vestimentas e desconhecidas dos seguranças da Casa, elas já foram barradas no plenário e provocam comentários por onde quer que passem. Em comum, têm uma alta votação em seus estados e as unhas grandes e bem pintadas.

A mais jovem e inexperiente delas é a apresentadora de TV Brunny Gomes, de 25 anos, que faz agora sua primeira incursão no mundo político, com um mandato que conta com o apoio do marido, o deputado estadual Hélio Gomes (PSD-MG), de 60 anos. É ele, um rico empresário local, que patrocina com o dinheiro vindo de sua rede de postos de gasolina o programa televisivo da jovem. Foi ele também quem a aconselhou a tentar uma vaga na Câmara.

- No programa, faço um trabalho social, realizando sonhos, e meu orçamento é limitado. Aí ele me falou: "Sempre vejo você querendo gastar mais para realizar mais sonhos, por que não entra para a política?" - conta a deputada, que pretende filmar em Brasília uma espécie de "reality show" do mandato.

Vaidosa, Brunny não se separa de suas lentes de contato esverdeadas e mantém os cabelos longos e lisos, tingidos de louro. Depois de eleita, reformulou o guarda-roupa. Encomendou vários terninhos "coloridos e trabalhados", que ainda não chegaram.

- Como deputada, não quero usar roupas sérias e sem vida. Estou estudando como fazer para não perder minha personalidade, mas me adequar ao Congresso - conta Brunny, com um vestido amarelo e um blazer preto, que ela diz ter sido o primeiro de sua vida.

A parlamentar gosta de grifes de luxo, mas seleciona os momentos para usá-las.

- Sou muito fã de Chanel. Que mulher não é? Tenho várias bolsas e roupas da grife, mas não uso sempre. A gente lida com pessoas humildes, não dá para ficar ostentando - justifica.

Aos 30 anos, Shéridan Estérfany chama a atenção no Congresso. Alta, cabelos longos e negros e sempre produzida, é extrovertida e desenvolta. Shéridan foi mãe aos 15 anos e começou a carreira política depois de se casar com o ex-governador de Roraima, José de Anchieta (PSDB). Foi secretária de Promoção Humana, uma pasta criada pelo marido especialmente para ela. A campanha para deputada, no entanto, teve de ser feita a certa distância de Anchieta, que deixou o governo com mais de 70% de avaliação negativa.

Foi acusada por opositores de investir dinheiro do estado em eventos de reduzido interesse público, como uma festa de aniversário para a cachorrinha da família e a viagem do Rio a Boa Vista, em jatinho, do cantor de funk MC Sapão, para uma das festas em sua residência. Ela nega.

- Isso foi maldade de campanha. Eu até gosto de animais, mas tenho asma. Querem me atribuir imagem de pessoa superficial e superestimam coisas normais do dia a dia. Claro que DJ em festa sempre tem, mas não teve jatinho não.

Shéridan diz ter "a felicidade de ter nascido com cabelo liso" e, por isso, pouco frequenta salões. A bordo de uma calça justa tigrada e camisa preta translúcida, afirma que investirá em produções confortáveis na Câmara. Conta ser vaidosa, mas sem exagero. Apesar disso, ameaçou o fotógrafo na entrevista:

- Se me deixar gorda e feia, vai ser nossa primeira e última foto - sentenciou.

Ao contrário de suas duas colegas novatas, Clarissa Garotinho, 32 anos, não entrou na política a partir de um laço matrimonial, mas por herança familiar. A filha de Rosinha e Anthony Garotinho (ambos do PR) está em seu terceiro mandato: antes, foi vereadora e deputada estadual. Diz ter ouvido de deputados e funcionários que é musa e conta ter sido cortejada na posse.

- Vários deputados perguntaram para meu pai se a filha dele era casada. Quiseram apresentar filho, fazer casamento - conta Clarissa, que não se interessou por nenhuma das propostas, apesar de estar solteira.

Na política, diz ter temperamento forte como o pai. Em 2011, chegou a recitar uma irônica poesia na tribuna da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para atacar seus rivais.

A deputada frequenta academia e adotou dieta da moda entre celebridades, sem glúten ou lactose. Criou uma conta no Instagram para se motivar e já perdeu alguns quilos. Tingiu os cabelos de loiro e, baixinha, diz não viver sem salto alto. Não gostou de não ser avisada que haveria fotos para a reportagem e reclamou que a roupa usada naquele dia, uma camisa pink brilhosa e saia-lápis preta, parecia engordá-la.

- Meu maior desafio na Câmara vai ser andar de salto; o resto, a gente tira de letra.

Fonte: O Globo

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