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Presidente da FPB quer campeão mundial para alavancar boxe brasileiro

Ao mesmo tempo em que o boxe internacional segue atraindo novos torcedores e um mercado cada vez mais rico, a modalidade no Brasil caminha no sentido contrário, embora continue produzindo talentos. Os últimos anos mostraram que o País se importou mais com as Artes Marciais Mistas (MMA, na sigla em inglês) promovidas pelo UFC, que ganhou espaço na mídia pela grande quantidade de campeões brasileiros lutando nas diversas categorias. Por sua vez, o boxe tornou-se menos atraente, com um número menor de pugilistas e combates.

Vice-presidente vitalício do Conselho Mundial de Boxe (CMB) e atual mandatário da Federação Paulista de Boxe (FPB), Newton Campos conversou com a GE.Net e considerou a falta de campeões mundiais como fator determinante para o enfraquecimento da modalidade.

"Sempre foi assim. Quando não temos um campeão do mundo, o vale tudo cresce e o contrário vale o mesmo. Nós temos perspectiva, quando voltarmos a ser campeões do mundo, o vale tudo cai", explicou Newton, de 89 anos, que começou sua carreira no boxe como jurado.

Segundo Campos, as maiores esperanças devem ser direcionadas a Patrick Teixeira, do médio-junior, e Esquiva Falcão, que luta pela categoria médio-ligeiro. O primeiro é o oitavo colocado no ranking mundial, mas deve subir algumas posições por conta da vitória sobre o ganês Patrick Allotey no último dia 18 e está próximo de conseguir uma chance de combater pelo cinturão. Ele ainda detém um cartel invicto de 25 triunfos, sendo 21 por nocaute. 

Já o segundo é mais recente no profissional, porém segue invicto com oito vitórias.Principal nome da FPB desde 1969, Newton Campos reclama da imprensa por, segundo ele, não divulgar a modalidade como em tempos passados, dificultando a propagação do esporte. Também não faltam críticas ao atual modelo de administração brasileiro, que, ao contrário do norte-americano, "não consegue transformar o boxe em um produto decente".

"O Boxe nunca morreu. Morreu aqui, que já não se fala, mas lá fora com o pay per view, o boxe é líder. Os americanos sabem fazer um espetáculo como ninguém, é impressionante. Aqui falta a divulgação pela televisão", disse o fundador da Federação Sul-Americana de Boxe Profissional (Fesubox), lamentando ainda a falta de dinheiro e o não recebimento das anuidades das instituições filiadas à FPB. Valores compensados através de sua aposentadoria.

"A coisa está andando sem recursos, sem nada. As filiadas não pagam as anuidades e eu fico sem amparo, no prejuízo. Eu não estou tendo amparo. Não pressiono as filiadas para o boxe não parar, mas está difícil. Alguns amigos me ajudaram, mas não posso ficar cobrando, porque eles não têm obrigação de ajudar. Às vezes eu penso em parar, em descansar, mas aí eu vejo os caras ganhando lutas internacionais e eu me empolgo de novo", explicou.

Militante, Campos organiza torneios amadores, como o "Forja de Campeões", e profissionais no ginásio do estádio Pacaembu com o apoio da Secretaria de Esportes da cidade de São Paulo. No entanto, as despesas técnicas do evento, as quais deveriam ser arcadas pela FPB, acabam sendo bancadas pelo próprio presidente.

"O Celso Jatene deu um jeito de fazer a ‘Forja de Campeões’ no ginásio do Pacaembu. Esse é o maior incentivo que recebemos. Enfim, algo está sendo feito, mas ninguém informa nada. Precisa de dinheiro. Como se monta um ringue sem dinheiro? Tem que ter médico, ambulância, segurança. Ninguém ajuda em nada, aí eu que tenho que arcar com as despesas. Se tivermos um campeão do mundo, é capaz que nos ajudem", completou.

O Brasil tem quatro boxeadores campeões mundiais: Eder Jofre (peso-galo), Miguel de Oliveira (médio-ligeiro), Valdemir Pereira, mais conhecido como Sertão (peso-pena) e Acelino Popó Freitas (super-pena e peso-leve). Esse último, inclusive, voltará ao ringue no dia 6 de junho, em luta marcada para acontecer na cidade de Santos.

Rio 2016

Por ser proibida a participação de profissionais nos Jogos Olímpicos, o Brasil não poderá contar com dois de seus principais boxeadores: os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão. O primeiro foi medalha de prata pelo peso médio em Londres 2012, enquanto o segundo faturou o bronze do meio-pesado.

"Eu não sei. Gostaria que tivesse (chances de medalha), mas está nas mãos da Confederação Brasileira de Boxe (Cbboxe), que está recebendo verbas generosas, mas ninguém sabe para onde vai o dinheiro do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e da Petrobrás. Não distribuem para suas filiadas. Sei que temos uns bons meninos, mas perdemos o Esquiva e o Yamagushi para o profissional e aí fica difícil", concluiu Newton Campos.


Fonte: Gazeta Press

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