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Ex-diretor do CEM diz que vereador de Teresina deve ser denunciado à ONU

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O ex-diretor do Centro Educacional Masculino (CEM), Chagas Bisneto, declarou em entrevista ao Jornal do Piauí, nessa sexta-feira (12), que o posicionado o vereador de Teresina, Edson Melo, tem incitado a violência e deveria ser denunciado à Organização das Nações Unidas (ONU). O parlamentar defendeu, na Câmara Municipal de Teresina, o fuzilamento dos suspeitos do estupro coletivo ocorrido em Castelo do Piauí (190 Km de Teresina).

"Sua posição é digna de ser denunciada à ONU, o senhor como homem público adentra nas casas e forma no imaginário popular justamente o acirramento de um problema generalizado. É inadmissível que se venha a incitar a violência, estamos retornando ao estado de barbárie", declarou Bisneto.

Segundo ele, a grande falácia quanto ao tema, que envolve quatro menores de idade e que estão sendo acusados de estupro, lesão corporal e homicídio, é a afirmação de que não há punição. Eles devem cumprir medidas socioeducativas CEM caso sejam considerados culpados pelo juiz Leonardo Brasileiro, que avalia o caso. 

"Todo mundo fala do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], mas o ECA é claro, há uma falha na família e no modelo de gestão do estado. Para tudo dizem 'vamos prender'. Dizer que não há punição é ilógico. No modelo carcerário deveria prevalecer a educação sobre a sansão, mas não é o que acontece", afirmou Bisneto. 

O vereador, contudo, rebateu e afirmou que embora a defesa da pena de morte e especificamente do "fuzilamento em praça pública" dos suspeitos, seja ilegal, a população em geral defende esse posicionamento. 

"Uma comoção social foi que gerou esse clamor, publiquei em uma rede social e as pessoas apoiaram. Eu sou religioso, minha religião não apoia. Pode dizer que é uma blasfêmia e que é ilegal, mas falo como cidadão e acredito que 90% da população de Teresina apoia", disse. 

Segundo o parlamentar, a redução da maioridade penal não resolveria o problema do Brasil devido à estrutura atual do sistema carcerário no país, mas citou o sistema judiciário americano, que inclui a pena de morte entre as sentenças para crimes hediondos. 

"A redução da maioridade penal não vai resolver nada, o Brasil não tem nem capacidade de apreender todos. No Piauí a capacidade prisional é de 1.200 vagas e há mais de 3.000 detentos. Mas o pior de tudo é a impunidade. Pior é ficar como está a situação para esses crimes hediondos, com barbáries. Nos Estados Unidos, um país de primeiro mundo, há a pena de morte", ressaltou Edson Melo. 

O coordenador do CEM defendeu que a punição deve acontecer reintegrando o jovem à sociedade e informou que a reincidência de menores após saírem do CEM é de cerca de 10%. De acordo com ele, isso acontece porque há com os menores a preocupação com reintegração social e que a saída do mundo do crime não ocorre pelo medo da polícia ostensiva. 

"O adolescente é inserido no mercado de trabalho, envolve afetividade, envolve a escola e um incrível trabalho das assistentes sociais e psicólogas. Ninguém tem mais medo de polícia, vamos acabar com essa falácia", declarou. 

 

Maria Romero
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