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Ex-prefeito preso contrata nova perícia e Nunes reage:"é para confundir o povo"

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O diretor do Departamento Técnico de Criminalística, Antônio Nunes, e o perito criminal Carlos Belfort sustentam a tese de que a primeira-dama de Lagoa do Sítio, Gercineide de Sousa Monteiro Rabelo, foi assassinada. Os suspeitos do crime são o ex-prefeito José Simão e a empregada Noêmia Maria da Silva Barros que estão presos à espera de julgamento. Porém, a defesa do ex-gestor contesta a perícia realizada pelos técnicos piauienses e contratou o médico legista George Sanguinetti para fazer novos exames. 

Péricles Mendel/CidadeVerde.com

Em entrevista exclusiva ao Notícia da Manhã, nesta sexta-feira (31), Antônio Nunes caracterizou a alegação da defesa do ex-prefeito como uma tentativa de confundir a opinião pública.

“Ele tem o direito de fazer questionamentos e contratar uma perícia particular. No entanto, a melhor maneira de discutir é nos autos e não seria a nível de mídia, contestando o que a gente fez. Essa é uma estratégia para plantar dúvidas na cabeça do povo, pois se o ex-prefeito for a júri popular, quem julga é o povo”, disse Nunes.

O diretor do Departamento Técnico de Criminalística destaca que está tranquilo em relação aos questionamentos e que tem explicação para todos os argumentos da defesa. 

“Neste caso participaram o Instituto Médico Legal e o Instituto de Criminalística. O trabalho foi bem feito, com sete peritos, sendo dois criminais e cinco peritos médicos legais. As contestações dele podem ser tranquilamente explicadas, uma a uma”, reitera.

A defesa de José Simão contesta tanto a perícia de local de crime como o exame cadavérico. Entre os pontos criticados estão: 

Horário de crime

Ele alega que a massa pastosa encontrada no estômago da primeira-dama seria secreção gástrica e que não haveria mais alimentos. 

“Essa massa pastosa é o final da digestão. O intestino delgado não absorve arroz, feijão ou outro alimento do jeito que ele chega. Ele é digerido parcialmente no estômago e depois que termina a digestão a nível de intestino delgado e absorção. Mesmo que procedesse a informação dele, seria melhor ainda, pois se ele diz que não tinha mais alimento lá, corrobora ainda mais o que a gente disse: que a morte ocorreu após quatro ou cinco horas da última alimentação”, revela Nunes. A perícia oficial do Estado aponta que Gerniceide de Sousa morreu por volta de 1h. 

Perícia na arma

O perito criminal Carlos Belfort, responsável pelo laudo de local de crime, contesta a alegação de que a arma não foi analisada. Sobre o questionamento das digitais, o especialista destaca que a análise foi realizada, mas pelo fato do revólver ter sido envolvido em uma flanela, as mesmas não puderam ser colhidas. 

“As digitais são aderência de gordura da pele e facilmente retiradas. Em relação a exames para saber se tinha sido feito algum disparo recente com a arma apreendida, esse exame está em desuso e foi abolido há mais de 10 anos. Já a questão dos exames nas mãos do prefeito, estes não foram feitos, porque quando a perícia chegou já tinha se passado mais de 12h horas da hora crime e o suspeito poderia ter lavado as mãos ou usado algum material para proteger as mãos durante o disparo”, disse Belfort. 

Posição do corpo

“A vítima foi encontrada com corpo deitado, o que significa que ela mesma chegou naquela posição de relaxamento. Não havia nada no quarto que indicasse que houve luta corporal, como sugere o professor de Medicina Legal Sanguinetti. Ela não reagiu. Não há lesões de defesa, nada nas unhas ou algo que corroborasse para a defesa dela. Quem vai aceitar ser segurada, receber um tiro, sem tentar reagir?São argumentos parciais e sem isenção”, reitera Belfort.

Antônio Nunes e Carlos Belfort disseram ainda que estão conversando com a assessoria jurídica para tentar a reparação de danos. 

“Essa alegação de laudos inservíveis é usada em todos os casos em que ele perde, como já aconteceu no Piauí, em Alagoas, no caso da garota Nardoni, em São Paulo e em outros casos. Está sendo avaliado se é possível pedir uma reparação. Ele agiu de maneira desrespeitosa, foi agressivo e agiu de maneira a buscar publicidade, fazer teatro”, reitera Belfort. 

 

 

Graciane Sousa
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