Foto: Roberta Aline / Cidadeverde.com

O médico obstetra Arimateia dos Santos Júnior reforçou que as mulheres devem, se possível, adiar a gravidez enquanto não há esclarecimentos sobre a relação entre o zica vírus e o aumento dos casos de microcefalia. Em entrevista ao Jornal do Piauí desta sexta-feira (20), o especialista destacou que alguns bebês portadores da condição já nasceram mortos.

"Existem várias infecções congênitas que podem levar a microcefalia e a consequência dessa doença é, no mínimo, retardo mental, na maioria dos casos. Outras infecções como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus podem também causar a microcefalia, mas o número de bebês nessa condição têm aumentado muito no Nordeste e estamos relacionando ao zica, que é relativamente novo, cuja transmissão é a mesma da dengue", esclareceu o médico. 

Arimateia acrescentou que 80% dos pacientes que são infectados com o zica vírus não apresentam sintomas, portanto, os casos de contaminação estão subnotificados. "Somente 20% das pessoas têm os sintomas da zica [febre baixa, dor no corpo e irritação na pele]. Portanto, o vírus pode passar desapercebido. A orientação é que as gestantes se protejam, usando roupas longas e não se expondo em áreas de risco, além de usar repelente indicado pelo médico. Já as mulheres que querem engravidar devem postergar um pouco a gestação, especialmente no Nordeste, porque ainda não há um exame estabelecido no pré-natal que rastreie o zica vírus", completou o especialista.

O médico ressaltou que todas as mulheres que tiveram zica têm probabilidade de levar consequências ao feto. "Mas não quer dizer que vá. Não podemos dizer que todas as mulheres que tiveram zica na gravidez terão filhos com microcefalia. Ainda não há estudos conclusivos sobre o assunto", justifica. 

Com a proximidade do período chuvoso, Arimateia alerta que os casos de zica podem voltar a crescer, gerando consequências ainda maiores. 

Jordana Cury
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