Criado pelo americano Greg Glassman, a essência do CrossFit veio de treinamentos militares, também usados em tropas de elite no mundo todo, utilizando objetos e materiais que existem no nosso cotidiano, como barras para se pendurar, pneus, sacos de areia, pedaços de madeira, cordas, blocos de cimento etc.
É uma modalidade chamada de treinamento funcional, onde o objetivo é treinar o seu corpo para fazer qualquer função do dia a dia, sem dificuldades. Por este motivo é que você pode ver pessoas subindo escadas, correndo, escalando muros, levantando pesos, saltando obstáculos, subindo cordas e o que mais a criatividade permitir. Ou seja, o objetivo não é apenas deixar a pessoa forte, mas deixar seu corpo apto para fazer qualquer coisa que desejar.
Se for bem orientado e supervisionado, este tipo de treino funcional pode ser feito por pessoas de todas as idades e tamanhos, homens ou mulheres, crianças e idosos, inclusive pessoas com deficiências. Obviamente, a intensidade de esforços e exercícios variam de acordo com cada pessoa, mas é uma modalidade indicada para praticamente todo mundo. Somente as pessoas que possuem alguma doença em que seja contraindicada a prática da atividade física não podem praticá-lo.
Os resultados geralmente são bons, desde que bem orientados e bem executados pela pessoa. Por serem movimentos onde são exigidos grandes grupos musculares e diversos músculos ao mesmo tempo, o gasto calórico é muito maior quando comparado ao treino de musculação convencional. Isso faz o praticante perder gordura e tonificar o corpo todo mais rapidamente. Em níveis mais avançados, a exigência cardiorrespiratória é muito acentuada, melhorando muito o condicionamento físico, além de aumentar mais ainda o gasto calórico ao longo do dia, pelo aumento considerável do metabolismo durante os treinos.
Porém, existem muitos casos de lesões durante as práticas desta modalidade. Isto ocorre por diversos fatores, mas os principais estão associados à imprudência e a falta de orientações corretas. Geralmente as pessoas se machucam em níveis mais avançados, quando são utilizadas cargas mais pesadas. Neste nível, movimentos feitos de forma errada podem gerar lesões, principalmente musculares e articulares.
Quanto maior a carga e intensidade do exercício, maior deve ser a atenção e mais próximo da perfeição deve ser o movimento, utilizando-se os músculos e ossos na posição ideal para que eles não sejam forçados demais. A questão da imprudência é que alguns praticantes ignoram as orientações dos profissionais e treinam além do sugerido, aumentando cargas, repetições, horas na semana e diminuindo o tempo de repouso. Seja pela vontade de querer resultados rápidos, ou melhorar no ranking geral (no CrossFit original existem campeonatos, onde os participantes são ranqueados constantemente – mas é opcional), alguns exageram e inevitavelmente se machucam.
Por fim, o treinamento funcional, seja o CrossFit ou outro qualquer, é uma prática saudável que tonifica o corpo, proporciona força e habilidades diversas de acordo com cada pessoa. Mas assim como qualquer tipo de atividade física, deve ser bem orientada e supervisionada por profissionais especializados e, acima de tudo, atentos aos movimentos e ansiedade dos praticantes.
Por Marcel Sera, fisioterapeuta
