O jornalista Bernardo Marçal registrou em vídeo a agressão que sofreu na noite deste domingo (6) do cobrador do ônibus da empresa Viação Piauiense, linha 203, que faz o trajeto Mocambinho/Alto Alegre, consórcio Poty, responsável por operar na zona Norte de Teresina. De acordo com ele, a agressão ocorreu quando ele tentou gravar uma falha no sistema de integração da capital. Ele disse ainda que foi expulso do ônibus com socos e chutes por parte do cobrador e do motorista. O passageiro registrou Boletim de Ocorrência na delegacia do 2º Distrito Policial e a empresa informou que já está tomando as providências quanto ao caso.
No vídeo, Bernardo mostra o cartão eletrônico enquanto conversa com o cobrador. Neste momento, ele registra a agressão e o instante em que o cobrador sai de sua cadeira e avança contra ele. Depois disso, a gravação é interrompida. Ele conta que o primeiro ônibus em que embarcou pertence ao consórcio Urbanus e atende a zona Leste da cidade. Ele seguiu até a Praça da Bandeira, para tomar o ônibus até a zona norte. No momento da segunda viagem, o cartão não realizou a integração e o sistema tentou cobrar uma segunda passagem. Contudo, não havia mais créditos em seu cartão.
"Ao subir no ônibus peguei meu cartão já utilizado no ônibus anterior, e busquei fazer integração, mas a maquineta onde se coloca o cartão começou a acusar que eu não tinha mais passes, de fato eu não tinha, mas poderia realizar a integração já que o último crédito usado tinha sido em um ônibus da zona Leste, e o outro era da zona Norte. O cobrador então pediu para que eu descesse do ônibus, e eu disse que não desceria, pois estava com a razão. O cobrador novamente então pediu para que eu me retirasse do ônibus, e dessa vez eu concordei, mas disse a ele que gravaria pelo celular aquele momento, para que assim conseguisse provar quando fosse no Setut no dia seguinte, que eu havia sido lesado mais uma vez pelo sistema deles", declarou.
Bernardo disse que nesse momento foi então agredido pelo cobrador. Em seguida, o motorista do ônibus também agiu de forma violenta contra ele.
"Foi aí que o cobrador me agrediu pela primeira vez, ele desferiu um tapa em meu rosto. Depois disso, eu disse que agora era que não desceria mesmo, pois iria ligar para a polícia para denunciá-lo. Ao ligar para o 190, o atendente ouviu meu relato e disse que mandaria uma viatura para interceptar o ônibus, mas que precisaria do número de identificação ônibus para ficar mais fácil de encontrá-lo no caminho. Com isso fui perguntar para o motorista, ele então se recusou a falar, e eu disse pra ele ' Aara, teu amigo cobrador 'tá errado e tu ainda vai apoiar ele?'. Com essa minha fala, o motorista parou o ônibus e juntamente com o cobrador começou a me agredir com murros e pontapés para fora do ônibus, sendo que os demais passageiros apenas ficaram olhando sem nada poder fazer. Lá fora com o ônibus parado as agressões continuaram. O motorista jogou minha carteira e celular no chão, e me deu mais alguns chutes. Ele entrou no ônibus e saiu seguindo a viajem", relatou Bernardo.
Depois de ser expulso do veículo, por volta de 19h30, Bernardo procurou a delegacia de polícia da região e registrou a ocorrência. Ele foi ainda à empresa Viação Piauiense, onde disse que recebeu apoio por parte da direção.
"Ontem à noite eu fiz o B.O., o escrivão disse que poderia solicitar o exame de Corpo de Delito no IML, e que após isso o investigador pode solicitar as imagens do ônibus que mostrarão claramente que eu fui agredido. Eu fui também falar com o chefe da empresa, que disse que aquela ação não condiz com posicionamento da empresa e que eles iriam ser punidos disciplinarmente e que eu tinha o direito de procurar os meios legais e processar a empresa", disse.
Procurada pelo Cidadeverde.com, a Viação Piauiense informou que já tem conhecimento do caso e que está apurando o ocorrido. A empresa disse que teve acesso ao vídeo gravado pelo passageiro e também às imagens da câmera de segurança do veículo e que estão tomando as medidas cabíveis.
"Eu estou hoje com meu corpo todo dolorido pelas agressões, foram bem agressivos. E essa não é a primeira vez que a máquina cobra duas vezes a passagem, eu costumo prestar atenção, já fui reclamar, mas sempre acontece. Eu briguei porque cansei de ser lesado e disse que não ia pagar dessa vez", declarou.
A Strans informou que em casos semelhantes, os passageiros podem se dirigir até a Superintendência e iniciar protocolo de apuração das denúncias. A sede fica na Av. Pedro Freitas, 1227 - Vermelha, zona Sul. O órgão deixou claro ainda que as duas linhas integram entre si e que problemas de incompatibilidade de horários entre os ônibus podem ter gerado o problema. As reclamações podem ser feitas também junto ao Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut).
Maria Romero
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