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Ação da PF em 10 estados liga comércio ilegal de pedras à Lava-Jato

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A Polícia Federal iniciou na manhã desta terça-feira a Operação Cratons para prender 11 pessoas acusadas de extração ilegal e contrabando de diamantes da reserva dos índios cintas-largas em Rondônia. Até agora sete pessoas foram presas, entre elas três caciques da reserva Roosevelt.

Na operação, a PF deverá cumprir 35 mandados de condução coercitiva e 41 de buscas e apreensão em endereços de empresários, advogados e servidores públicos suspeitos de envolvimento com as fraudes. A investigação é um dos desdobramentos da Operação Lava-Jato.

Estão sendo cumpridos mandados de prisão em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia. As primeiros indícios sobre contrabando de diamante dos índios cintas-largas apareceram ainda na primeira etapa da Lava-Jato. As informações foram destacadas do inquérito principal e remetidas à Rondônia para uma apuração à parte.

Um dos investigados é o advogado Raul Canal, que mora em Brasília. Para a polícia, o advogado seria um dos chefes do grupo suspeito de promover a extração ilegal e a venda de diamantes do garimpo de Lage, uma das áreas da reserva dos cintas-largas. Nos últimos meses, mesmo sabendo que era alvo de investigação, Canal vinha fazendo intensa propaganda nas redes sociais de combate à corrupção.

A Polícia Federal ainda não fez estimativa do volume de contrabando e do dinheiro movimentado, mas entende que as quantias são expressivas. Só num período de três meses, um dos grupos fazia planos de obter R$ 5 milhões de lucro líquido. Os suspeitos fariam um investimento de R$ 1 milhão em maquinas e mão de obra e, em 90 dias, venderiam algo em torno de R$ 6 milhões. O diamante em Roosevelt é considerado de fácil extração e de boa qualidade.

A área central do garimpo é considerada uma das três maiores jazidas de diamante do planeta. Antes do início da operação, a Polícia Federal contabilizou a presença de pelo menos 700 garimpeiros dentro da área indígena. O garimpo na reserva foi denunciado em primeira mão pelo jornal O Globo no início da década passada. Desde então, a Polícia Federal e o Exército fizeram várias operações para conter invasões da área e o intenso contrabando de diamante. Mas sem sucesso.

Hoje área de garimpo seria 30% maior do que foi há 10 anos atrás. A região é marcada pela devastação ambiental e pela violência. No início da década passada, antes da intensificação do garimpo, a polícia já tinha registrado 11 mortes violentas dentro da reserva. Em 2004, índios cintas-largas mataram a pauladas 29 garimpeiros. Até hoje não já desfecho do caso. A Polícia Federal estaria esperando laudo antropológico sobre em que medida os índios envolvidos no massacre poderiam ser responsabilizados pelo crime.

O garimpo ilegal apareceu na reserva apareceu já na primeira fase da Lava-Jato. As primeiras suspeitas recaíam sobre Raul Canal que, a partir de uma cooperativa, controlaria parte do contrabando do diamante. As suspeitas foram reforçadas por documentos apreendidos em poder do doleiro Carlos Habib Chater. Numa das agendas do doleiro, a polícia encontrou uma anotação com o nome do cacique Raimundo Cinta-Larga e o número de uma conta bancária em Cacoal, onde índio mora.

 

Fonte: O Globo.

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