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Queima de fogos de 16 minutos abriu o ano olímpico do Rio

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Enfim, 2016. Chegou o ano que entrou para a história da cidade antes mesmo de começar. O ano em que o Rio receberá o maior evento esportivo do planeta, com bilhões de pessoas no mundo todo olhando para nossa casa, atentas às passadas de Usain Bolt, às cestas de Stephen Curry, aos dribles de Neymar. Toda a preparação será finalmente testada. Será também a hora de pôr à prova o legado que ficará para a cidade depois que a chama olímpica se apagar. Se as obras de infraestrutura vão transformar o Rio, se o carioca terá novos equipamentos esportivos para desfrutar, se a cidade será melhor para seu povo, saberemos até dezembro.

Quando o enorme relógio no telão de LED do palco principal da festa, em frente ao Hotel Copacabana Palace, encerrou a contagem regressiva, 24 toneladas de fogos de artifício, nas cores verde, violeta e laranja, foram disparadas de 11 balsas no mar e pintaram o céu ao som da trilha olímpica do maestro John Williams para os Jogos de Los Angeles, em 1984.

TEMA ÉPICO COM BATIDA FUNK

Durante 16 minutos e 22 segundos, dois milhões de cariocas e turistas ficaram magnetizados pelas cores do espetáculo pirotécnico, auge da megafesta que, após a comemoração pelos 450 anos da cidade na última virada, desta vez teve dois temas: as Olimpíadas e o centenário do samba, contado a partir da gravação de “Pelo telefone”, de Donga. No encerramento, o público ouviu uma mixagem do tema do filme “Carruagens de fogo”, composto por Vangelis, com o “Rap da felicidade”, de Cidinho e Doca.

É verdade que 2016 não chegou como se esperava. Com queda brutal na arrecadação do estado, no preço do barril do petróleo e nas receitas com royalties, o governo começa o novo ano no vermelho e diante de um verdadeiro colapso na saúde pública. Na multidão, quantos estão na fila do SUS aguardando cirurgia? Quantos perderam o emprego este ano?Apesar da gravidade dos problemas, o momento é de sonhar. E nunca desistir.

A esperança de superar as dificuldades financeiras e o desejo de deixar pra trás o ano de crise estavam por todas as partes, nos sorrisos e sobre a pele das pessoas. Muita gente trocou o tradicional branco das roupas pelo amarelo, cor que representa a prosperidade.

— O amarelo foi para chamar dinheiro. O ano de 2015 foi muito ruim, e a política agravou ainda mais a situação da economia — disse a turista paulista Fernanda Herrera, que foi curtir o réveillon de Copacabana com o marido e amigos.

O casal Felipe Mondolo e Thiciany Gomes também foi a Copacabana vestindo amarelo.

— Foi um ano muito complicado para todo mundo. Sigo no meu trabalho, mas tenho muitos amigos que foram demitidos em 2015. Quem não perdeu o emprego está tendo que controlar muito as despesas — afirmou Mondolo.

HOMENAGEM AO RITMO CARIOCA

Como quem guarda o melhor para o final, a celebração surpreendeu o público ao homenagear o mais carioca dos ritmos com uma gravação de dois mil tambores de ritmistas de escolas de samba. Enquanto a massa sonora era reproduzida por 30 caixas de som, fogos apenas na cor branca explodiam no céu. O efeito foi testado e aprovado há seis meses, num concurso internacional de pirotecnia realizado na cidade francesa de Saint-Brevin-les-Pins, em que o Brasil faturou o título.

Nos dois palcos montados — o principal deles localizado em frente ao hotel Copacabana Palace e o outro, na altura da Rua Santa Clara —, o samba foi o astro principal. Foi a primeira vez que o réveillon da região apresentou um espetáculo teatral: o musical “Sambra”, estrelado por Diogo Nogueira. Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, Arlindo Cruz, Jorge Ben Jor, Thaís Macedo e as escolas de samba Beija-Flor, Salgueiro e Grande Rio também embalaram a comemoração.

A música, tanto dos shows quanto da trilha sonora do espetáculo pirotécnico, agradou ao público. Morador do Leblon, Ademir Laurindo de Moraes, não escondeu a empolgação:

— Achei excepcional. É o melhor réveillon do mundo. A sincronia dos fogos com as músicas e a energia do povo formam um elo único no planeta.

A queima de fogos em Copacabana teve esquema especial de segurança com 2.215 policiais, 28% a mais que na última virada, quando 1.729 PMs foram mobilizados. Mesmo assim, foram registradas várias ocorrências criminais. Em frente à Rua Santa Clara, por exemplo, um homem e um adolescente foram detidos praticando furtos. Também houve assaltos no Leme.

O reforço na segurança não se limitou às areias: um helicóptero da PM passou a noite e a madrugada sobrevoando a praia. Além disso, imagens de diversos pontos de Copacabana eram acompanhadas em um caminhão de monitoramento estacionado na Avenida Atlântica, em frente à Rua República do Peru.

ASSALTO NA PRAIA

Um homem e um menor foram detidos praticando furtos na praia, na altura da Rua Santa Clara. De acordo com um dos policiais militares que detiveram os dois, eles vieram da Cidade de Deus para praticar crimes na orla. O movimento no momento é tranquilo na 12ª DP (Copacabana). Segundo Eduardo Miranda, delegado de plantão, ainda não houve nenhum registro de arrastões até o momento.

Roberto José da Silva, de 65 anos, foi até a delegacia após ser furtado na entrada do metrô na Central do Brasil, vindo para Copacabana. Ele criticou a falta de organização no metrô.

- Teve muito tumulto na entrada do metrô. Roubaram mimha carteira com cinco cartões e os documentos, além do meu celular. Lá estava muito desorganizado e sem nenhuma segurança, mesmo sendo um lugar onde os roubos são comuns - disse.

Apesar do transtorno, ele garantiu que iria comemorar a virada.

- Isso não vai tirar a minha alegria de estar aqui com meu filho - afirmou.

Segundo as primeiras informações, houve um princípio de arrastão na altura do Leme. Um grupo teria tentado roubar celulares de quem registrava os fogos. Pessoas que estavam em volta teriam contido os menores, que foram encaminhados para a 12ª DP (Copacabana).

INCÊNDIO

Um apartamento pegou fogo no número 271 da Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, na noite desta quinta-feira. De acordo com o delegado Vinicius Domingos, da 13ª DP(Ipanema), que acompanha a ocorrência no local, a principal hipótese é que a fiação do apartamento 702 tenha pegado fogo. O incêndio já foi controlado e ninguém ficou ferido.

A moradora do apartamento, Maria Felicia da Silva, que estava sozinha, está indo até a delegacia prestar depoimento. Pelo menos sete viaturas do Corpo de Bombeiros estão no local.

ATENDIMENTOS

Até meia-noite foram realizados 312 atendimentos médicos nos cinco postos de atendimento montados na orla de Copacabana. Ao todo, 15 pessoas foram levadas para o hospital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A maior parte dos atendimentos foi por excesso de bebidas alcoólicas, cortes, dor de cabeça e mal estar. Cinco pessoas precisaram ser removidas para hospitais da rede municipal. Os postos começaram a funcionar às 17h30.

A SMS preparou um esquema especial de atendimento na orla de Copacabana durante a noite de Réveillon. Cinco postos médicos estão à disposição da população, com 220 profissionais de saúde, sendo 90 médicos, trabalhando durante todo o evento. Os postos contarão, no total, com 60 leitos, sendo dez de suporte avançado, além de 70 poltronas de hidratação.

Para os casos mais graves, que necessitarem de remoção, 35 ambulâncias de suporte avançado e 15 de suporte básico estão dando apoio pré-hospitalar móvel aos postos.

OPERAÇÃO ESPECIAL

Desde as 18h, os acessos à Copacabana já estão limitados. Carros sem credencial de trânsito livre não podem acessar o bairro por Ipanema, Lagoa (Corte de Cantagalo), o Túnel Velho e pela enseada de Botafogo. Somente ônibus regulares, táxis e veículos com a autorização trafegam por essas vias até as 22h, quando elas também serão totalmente fechadas para veículos.

As interdições no trânsito começaram às 7h, com o bloqueio da pista da Avenida Atlântica junto à orla e com a inversão de mão na pista junto às edificações, como ocorre todos os domingos e feriados. Às 15h a outra pista também foi fechada. A Guarda Municipal e a Secretaria municipal da Ordem Pública empregarão 1.363 agentes e 129 viaturas, sendo 12 reboques.

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informa que foi iniciada a interdição total dos acessos ao bairro de Copacabana: Ipanema, Lagoa (Corte de Cantagalo), Túnel Velho e Enseada de Botafogo, inclusive para ônibus e táxis. O fechamento faz parte do esquema especial de trânsito para o Réveillon de Copacabana.

Após o evento, os usuários de ônibus deverão se dirigir às áreas de embarque que serão na Enseada de Botafogo (linhas com destino à Zona Norte e Centro) e na Rua Prudente de Morais (linhas com destino à Zona Oeste e Rocinha), em Ipanema.

Para acessar a área do evento, a CET-Rio recomenda a utilização de transporte público coletivo regulamentado.

FESTA EM OUTROS PONTOS DA CIDADE

Este ano, a festa ganhou cores também na Barra, onde seis mil toneladas de fogos foram disparadas durante 15 minutos. O espetáculo foi promovido por cinco hotéis da região. Houve ainda espetáculo de luzes na Praia do Flamengo, com shows em frente à Rua Dois de Dezembro, e festas no Parque Madureira, na Praia da Bica (Ilha do Governador), no Piscinão de Ramos, no Conjunto IAPI, na Penha, em Paquetá e nas praias de Sepetiba e Guaratiba.

Segundo a Riotur, a cidade recebeu neste réveillon 857 mil turistas, sendo 70% brasileiros. Estima-se que os visitantes movimentarão um total de R$ 2,7 bilhões até domingo.

Com todos os acessos a Copacabana bloqueados, inclusive para ônibus e táxis entre 22h e 5h, o metrô foi uma das opções de transporte mais procuradas. Os 143 mil bilhetes especiais postos à venda se esgotaram. Na estação Carioca, cambistas estavam vendendo o tíquete por R$ 60. Quando estavam disponíveis, as passagens de ida e volta custavam R$ 7,40.

 

Fonte: O Globo.

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