A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres divulgou nesta quinta-feira (7) um levantamento mostrando que o número de denúncias pelo 180 ? número da central de atendimento à mulher ? aumentou de 58,4 mil no primeiro semestre de 2007 para 121,8 mil no mesmo período desse ano. Isso significa um aumento de 107% nas denúncias de violência doméstica.
Ela comentou ainda que algumas pessoas confundem briga de casal com agressão à mulher. ?Costuma-se confundir a violência contra a mulher com briga de casal. Mas isso é uma coisa e outra coisa é a violência sistemática, onde há o exercício do poder de um sobre outro?, salientou.
Agredida com levou um tiro do ex-marido que a deixou paraplégica, Maria da Penha, que empresta o nome à lei, disse que, entre as classes mais ricas da população, o preconceito é maior. ?Eu tenho viajado muito pelo país e convivido com as pessoas nas comunidades, e vivemos um momento muito positivo para a lei. Tem pessoas que me dizem que ?depois que o vizinho foi preso meu marido nunca mais me bateu?. As dificuldades que a gente mais vê estão entre as pessoas mais ricas e não entre os mais humildes?, salientou.
A maioria das denúncias (61,5%) é feita por mulheres que sofrem agressões diariamente. Outras 17,8% denunciam serem agredidas semanalmente. Desses relatos registrados pelo 180, 5.879 eram de violência física, 104 foram tentativas de homicídio e 2.278 eram ameaças de agressão. Quatro desses registros resultaram em homicídio.
O Distrito Federal é a unidade da federação que mais recebeu denúncias pela central de atendimento. Para cada grupo de 50 mil mulheres, houve 132,8 denúncias. São Paulo vem logo atrás com 96,4 atendimentos por grupo de 50 mil mulheres.
A maior parte das mulheres que usam o serviço é negra (37,6%), tem entre 20 e 40 anos (52,6%), é casada (23,8%) e cursou parte ou todo o ensino fundamental (32,8%).