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Sarah Menezes fala de intimidades na Época

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A judoca Sarah Menezes já sabe exatamente o que vai fazer a partir do próximo domingo na Vila Olímpica, quando já terá encerrado sua participação na busca pelo ouro olímpico na categoria peso ligeiro: "Depois da competição vamos comemorar, conhecer a Vila, tirar fotos, comer o que quiser. Fazer de tudo". Tudo, menos uma coisa: namorar. ?kkkkkkkkkk?, responde por escrito a revista Época, via MSN, na linguagem digital dos jovens de sua idade. ?Não tenho namorado ainda não, viu? Quando eu tiver, quem sabe. Heehe. Está muito cedo para isso?, escreveu, na véspera de seu dia de competição em Pequim, neste sábado.

O que é "muito cedo" para ela, em um mundo em que é comum ter a primeira relação sexual antes da maioridade? Aos 18 anos, completados em março, Sarah assume sem complexo a virgindade. "Pois é... Mas minha mãe me deu juízo. Não é certo uma criança ter relação sexual. Na minha opinião, uma criança deve estar na escola, estudando." O repórter pergunta qual idade ela acredita ser a apropriada. "Haha. Mas você não acha que 14 anos é novo para isso?"

Sarah fica tímida com as perguntas ("Tenho que responder isso?"), mas não foge do assunto. "É uma opção pessoal. Opção." Diz que não se trata de resguardar-se para o casamento, como o jogador do Milan e da seleção de futebol Kaká dizia ter feito. "Não. Sou muito nova para pensar nisso. Tenho que crescer mais e estudar muito para ter uma vida melhor. Minha mãe me ensinou a ser uma menina educada, uma boa menina ? educada, estudiosa, carinhosa." Carinhosa fora do tatame, claro.
 
Ela tem outras prioridades. A judoca estuda ? e muito, em colégio particular. Sem pagar mensalidade graças à ajuda de seu treinador, Expedito Falcão. Há cinco anos, Falcão procurou o Colégio Certo, em Teresina, para que fornecesse à judoca uma bolsa de estudos. "O Expedito chegou à escola, mostrou meu currículo, e o melhor é que os diretores acreditaram e me testaram. Fiquei um ano, e no ano seguinte só fizeram renovar minha matrícula. Até agora estou lá?, conta Sarah.

Sarah conversou com a revista durante a cerimônia de abertura. Como suas lutas ocorreriam no sábado (a partir da 1h da madrugada, hora de Brasília), ela não pôde ir ao Ninho do Pássaro. Ela está impressionada com a Vila Olímpica. "Nossa, muito louco. Menino, aqui tem de tudo. Vou voltar obesa. Eu estou tão magrinha. Temos Coca-Cola... É só passar na máquina e tirar quantas quiser, mas isso só vamos fazer depois que estivermos com a medalha no peito. Heheh. O que chamou minha atenção foi a quantidade de pessoas, de comida. A beleza da vila, com tanta coisa linda. A estrutura... Tudo." Sarah teclava de seu laptop, dentro da Vila Olímpica, em um espaço com conexão sem fio. Garantiu que acessar a internet não prejudica sua concentração. "Não, só se o atleta quiser. Quem veio para competir está bem. Os outros estão se divertindo até demais. Eu vim com um objetivo: competir bem."

A rotina da judoca olímpica piauiense de 48 quilos é cheia de obstáculos diários. Ela acorda todos os dias às 5h45 da manhã, toma banho, café da manhã reforçado, com leite, café, cuscuz, frutas e pão. Vai para o colégio e estuda até 12h35, com duas paradas para lanche, e em seguida vai para a musculação. Almoço? Só depois disso. ?Sempre no almoço eu vou no shopping e como sushi. Adoro sushi. Às vezes almoço comida, mesmo?, diz. Sarah volta para casa às 15 horas, toma banho, descansa e estuda. Às 19 horas tem treino técnico de judô. Suco, toma várias vezes, durante o dia todo. "Adoro suco. Sempre tomo suco. Pela manhã, na escola, à tarde, no lanche... de qualquer fruta." Volta para casa às 23h40, toma banho, faz um lanche e dorme. Às 5h45 ela vai acordar e começar tudo de novo.

O mestre Expedito Falcão está em Pequim com sua pupila. A relação entre eles é muito forte, e a todo momento Sarah o cita ao longo da entrevista. Está ansiosa? ?Um pouco, mas o melhor é que estou bem tranqüila. Estou me sentindo muito bem. Sei que estou bem preparada. Treinei tudo com meu treinador. Estudamos todas as minhas adversárias. Estudamos tanto que ele adivinhou minha primeira luta, contra a húngara Eva Csernoviczki. Passando por ela, enfrento a romena Alina Dumitru. E nós estudamos muito elas duas. Tenho certeza de que vai dar tudo certo.? Algum trabalho específico para garantir essa tranqüilidade? ?Conversei muito com o Expedito, meu treinador.? Ele está em Pequim? ?Ele está aqui, sim. Ele sempre me diz que tenho que ter calma na luta. Lutar com tranqüilidade, porque sou forte e dá para ganhar de todas elas.? Isso passa segurança? ?Muita segurança. Adoro quando ele está pertinho, quando eu estou lutando. Quando escuto as instruções dele fico mais segura e mais confiante.?

Apesar da pouca idade, seu objetivo é nada menos que a medalha de ouro. Sarah é uma lutadora agressiva, que não luta nem como destra nem como canhota, pois desde sempre foi treinada como ambidestra, com entradas fortes de golpes para ambos os lados, seja com as mãos ? morote-seoi-nague [morotê-seoi-naguê] é o seu forte ? ou, em outras palavras, com entrada de pernas. ?Eu tenho golpe para os dois lados. Onde eu pego, eu entro. Dou um ataque forte. Meu judô é estilo japonês. Eu tenho uma característica boa. Sei lutar nos estilos japonês e europeu. Meu treinador me ensinou, o Expedito.?

Além do físico, ela cuida também da mente. Pragmática, está no terceiro ano do ensino médio e deseja fazer educação física, pois já está na área. Mas quer fazer também veterinária, em seguida, pois gosta muito de animais, principalmente de cachorros. Diz que, apesar de gostar de ajudar seu técnico nas aulas de judô com as crianças, não pensa em abrir uma academia após encerrar a carreira de atleta. Revelou no questionário ter gostado muito do livro Transformando Suor em Ouro, do técnico Bernardo Rezende, do vôlei, ?porque esse tipo de livro dá motivação, superação nos treinos do meu dia-a-dia?. Tem lido algo? ?Sim. Estou lendo Tudo ou Nada, do Roberto Shinyashiki (guru de auto-ajuda). Antes de eu embarcar para o Japão para o final da preparação para os Jogos, minha irmã falou que era bom eu ler esse livro. Ela se chama Sâmia.?

Ela necessitará realmente de muita motivação para ficar com o ouro, já que, se vencer suas lutas classificatórias, enfrentará nas semifinais a japonesa Ryoko Tani, de 33 anos, que está em sua chave. Sarah diz ter grande respeito pela adversária, um mito do judô. ?Eu admiro muito essa atleta, porque ela tem um talento surpreendente. Ela é sete vezes campeã mundial, tem quatro Olimpíadas nas costas, sendo que foi finalista em todas e venceu duas. Podemos nos enfrentar nas semifinais. Estou preparada para lutar com qualquer uma. Fui treinada para isso?.
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