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Clube dos Diários completa 89 anos e faz homenagem ao artista plástico Nonato Oliveira

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Clube dos Diários completa 89 anos neste ano (Marcelo Cardoso/CCom)

Patrimônio Histórico Artístico do Piauí, o Clube dos Diários completa 89 anos neste domingo, 20 de março. Para homenagear a data, a galeria de Arte do Club dos Diários ganha o nome de um dos maiores artistas plásticos piauienses: Nonato Oliveira.

A comemoração de aniversário do Clube dos Diários acontece nesta segunda-feira (21), a partir das 19 horas. Na ocasião, haverá descerramento da placa com o novo nome da Galeria de Arte, bem como a abertura da exposição com obras de Nonato Oliveira. 

O Clube ganhou sua sede própria, na Rua Álvaro Mendes, centro de Teresina, em 1927 e, em janeiro, deste ano passou por uma grande restauração, quando foi reaberto ao público. 
 
“Depois da restauração, o Complexo Cultural passou a funcionar na sua plenitude, com todos os seus espaços. Realizamos um trabalho minucioso, de resgate das características originais do prédio. Agora a galeria ganha o nome de um grande artista plástico piauiense. É uma homenagem muito justa e um presente para o Clube e para todo o Estado”, diz o secretário estadual de Cultura, Fábio Novo.
 
Nos traços de Nonato Oliveira, o cotidiano do nordestino é retratado. Paineis pintados pelo artista estão presentes em vários pontos da cidade. Além de Teresina e vários municípios do interior, há murais do artista em Fortaleza, São Luís, Belém, Goiânia, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Madri (Espanha) e Lisboa (Portugal).
 
Em cada mural, o artista faz questão de inserir características peculiares do ambiente em que está situado: "Não gosto de fazer uma obra por encomenda dirigida, mas sempre faço um projeto que contemple aspectos do local em que estou construindo o mural, adotando novos assuntos, mas sempre mantendo o meu estilo", explica Nonato Oliveira. Além dos murais, o artista produziu várias esculturas e monumentos, muitos deles com temática religiosa. 
 

Sobre Nonato Oliveira 
 

Nonato Oliveira nasceu em 11 de dezembro de 1949 no município de São Miguel do Tapuio (PI). Começou a pintar ainda criança, utilizando os restos de materiais deixados pelo pai, que era pedreiro. Esculpia com o que sobrava das massas e pintava com o restante de tinta. Usava urucum, tabatinga, nogueira e casca de angico para fabricar suas próprias cores.
 
Com 12 anos de idade mudou-se com a família para a capital (Teresina). Poucos anos depois, teve que enfrentar uma cidade ainda maior: Paris. O jovem artista tinha feito uma série composta por 17 quadros sobre a Guerra dos Canudos, que um curioso viu em sua casa e levou para ser exposta na Maison de France, no Rio de Janeiro, o que acabou lhe valendo uma bolsa de estudos na capital francesa.
 
Desde então, já realizou mais de oitenta exposições, individuais e coletivas, em diversos estados brasileiros, além da Europa e dos Estados Unidos. As cores vivas e fortes – usadas para expressar temas como a seca, a fome, a cultura popular, a religião, o folclore e o semblante nordestino – são as principais marcas da arte de Nonato Oliveira.
 
Seu estilo pode ser caracterizado como uma mistura de primitivo com expressionista. Bumba-meu-boi, reisado, bandeiradas, pipas, violas, zabumbas, gente do povo, festas populares, cajus, cactos e mandacarus ganham vida através da ótica poética, simples e, ao mesmo tempo, magistral, do artista plástico, resultando em obras que são a cara do Nordeste.

Histórico do Clube dos Diários
 
A Sociedade Recretiva Clube dos Diários foi fundada em 1922. No início, seus fundadores realizavam seus encontros e festas em residências particulares. Só em 1927 inauguraram a sede própria. No ano de 1925, o então governador Matias Olímpio de Melo doou o terreno para a construção da sede definitiva, declarando de utilidade pública a “Sociedade Anônima Clube dos Diários”, através da lei 1.119 de 26 de junho do mesmo ano.
 
O prédio definitivo na Rua Álvaro Mendes foi inaugurado no dia 20 de março de 1927. A partir daí, passou a funcionar dinamicamente, com vários bailes e conferências literárias. A partir dos anos 30, Teresina viveu uma brilhante fase cultural recebendo a visita de artistas e intelectuais. Nos anos 70, foi desativado por problemas na sua estrutura física, mas não perdeu a sua referência. Apenas o bar continuou funcionando e servindo de local de encontro para o bate-papo entre amigos, desta vez, sem distinção de classe social, pois todos passaram a frequentá-lo e torná-lo palco ideal para nostálgicos e boêmios.
 
Tombado pelo Estado através do decreto 6.152, de 3 de janeiro de 1985, o Clube dos Diários passa a integrar o Patrimônio Histórico Artístico do Estado do Piauí, conservando em toda a parte externa o seu estilo eclético com elementos neoclássicos predominantes no início do século. Internamente o clube dispõe de espaço para exposição no salão principal, cineteatro com 130 lugares, sala para oficina de pintura e cerâmica e sala para um centro de documentação para a cultura.
 
Hoje o Clube dos Diários, juntamente com o Theatro 4 de Setembro e a Praça Pedro II, compõem o coração cultural de Teresina sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Cultura.

Da Redação
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