O diretor da Casa de Custódia, Dênio Marinho, confirmou que um advogado é o principal suspeito de entrar no presídio com 42 baterias de celular, nesta terça-feira (22).  Identificado como André Bispo, o suspeito teria levado os acessórios escondidos dentro do sapato, segundo informou o diretor do presídio. O caso foi repassado para o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco).

"Ele não foi preso porque, no momento do flagrante, enquanto fazíamos diligências, ele saiu. Além das 42 baterias, o advogado estava com R$ 300. Lá no Greco, o preso que recebeu os acessórios não titubeou e indicou o nome do advogado André Bispo. Só não sabemos para quem seriam distribuídas essas baterias", explica o diretor da Casa de Custódia que destaca que o advogado só teve acesso a este único preso. 

O carregamento foi apreendido com o detento Carlos Júnior que revelou que esta seria a segunda vez que o advogado realizava a manobra. 

Como bateria é um acessório, o advogado deverá assinar apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), pois o crime é considerado de menor potencial ofensivo. O caso será investigado pela delegada do Greco, Rejane Piauilino que acionará a OAB e a Casa de Custódia. 

Advogado nega acusações

Ao Cidadeverde.com, o advogado André Bispo negou as acusações e disse que está reunindo documentação para se pronunciar sobre o caso. Ele adianta que é inviável entrar na Casa de Custódia com os acessórios, uma vez que todos os visitantes, inclusive advogados, passam por detector de metais. 

"Toda pessoa que entra no sistema prisional do Piauí passa por um detector de metais, independentemente se a pessoa vai para a Casa de Detenção de Altos, para o presídio de Esperantina ou para a Casa de Custódia, onde tem um funcionário só para fazer isso. Então é humanamente impossível passar pelo detector com 42 baterias. Quando a gente entra no presídio, vai conversar com o preso no parlatório e a gente só tem contato com o detento pelo vidro", argumenta o advogado. 

André Bispo também se mostrou surpreso com a acusação do preso identificado como Carlos Júnior, que é um de seus clientes. O advogado conta que, pelo o estatuto da OAB, os advogados podem falar com seus clientes a qualquer hora do dia e que esse direito está sendo cerceado.

Interrogado sobre o que teria provocado a denúncia, André Bispo ressalta que há três dias teve um problema com um dos agentes da Casa de Custódia e a discussão pode ter motivado a acusação. 

"Há três dias tive um problema com determinado agente da Custódia, que não vou declinar o nome, assim como estão me expondo. Foi um problema profissional, porque às vezes, as pessoas levam os problemas de casa para o trabalho e querem descontar no advogado. Não posso dizer que isso foi armação, se foi algo plantado. Tudo isso será respondido quando o processo for aberto. Minha conduta é ilibada", afirma o advogado. 

Ele conta ainda que saiu ontem do presídio por volta das 10h e que o preso só foi levado para o Greco por volta das 14h. "Isso me causou estranheza. Eu não me evadi na Custódia. Pelo contrário, passei um tempo coversando com agentes, fui resolver outras pendências e hoje quando eu acordo vejo meu nome estampado na imprensa", ressalta.

O advogado disse que vai procurar a OAB-PI para ser orientado sobre qual procedimento adotar diante das acusações. 

"Nós advogados somos representados pela OAB. Eu vou procurar a Ordem para saber como proceder. Sou presumido de inocência até que se prove o contrário. Eu já pedi ao capitão Dênio Marinho as filmagens que mostram que eu passei pelo detector de metais no dia em que estão me acusando e fui informado que a solitação foi enviada à secretaria de Justiça. Não tinha como entrar com essas baterias...o procedimento é padrão para todos as pessoas que entram em presídios no Piauí...Quando a gente chega lá, perguntam  se estamos levando chaves ou celulares e se tivermos com algum aparelho, temos que deixar do lado de fora. Eu nunca fiz o que estão me acusando", disse André Bispo. 

André Bispo complementa que até o momento não foi intimado pela Greco ou comunicado por algum orgão estatal como a secretaria de Justiça. "Vou procurar a OAB durante a tarde. Agora, sigo minha vida porque tenho minha consciência tranquila". 

 

Graciane Sousa e Yala Sena
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