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Zeca Baleiro lança novo CD; ouça a faixa "Era domingo"

“Era domingo” é o 16º disco de carreira de Zeca Baleiro, segundo seu site oficial, desde a estreia, em 1997, com “Por onde andará Stephen Fry?”. Já seria bastante trabalho se o compositor maranhense de 50 anos não vivesse procurando balas para mastigar, fazendo turnês em dupla, lançando projetos especiais (como o delicioso disco infantil “Zoró — Bichos esquisitos”), DVDs e outras paçocas.

O engenho de açúcar de Zeca parece inesgotável. “Era domingo” traz o compositor em forma, em seu típico estilo morde-assopra: para uma canção melancólica como a faixa-título, que abre o disco, logo vem o ska-reggeaton “Ela parou no sinal”, com apimentado sabor caribenho-paraense; para a pessimista “Homem só” (“Meu amor gastei em sonhos sem futuro/ Esperanças vãs reduzidas a pó”), a resposta é o humor negro de “Desejo de matar”, com arranjo tarantinesco e refrão grudento.

Como uma versão moderna de Adoniran Barbosa (1910-1982) — que ia da alegria inocente do “Samba do Arnesto” ao mundo cão de “Saudosa maloca” —, Zeca Baleiro desliza azeitado entre a tragédia e a comédia, tendo à disposição um arsenal sonoro e de referências muito mais amplo do que o do venerável compositor de “Trem das onze”.

Não exatamente conhecido por simplificar, Zeca usou 13 produtores nas 11 faixas do disco — certamente um recorde. Nomes como os dos músicos que o acompanham (Tuco Marcondes, guitarra e violão; Kuki Stolarski, bateria; Fernando Nunes, baixo) aparecem no posto, assegurando ao mesmo tempo a diversidade entre as canções e a unidade do disco, já que o cantor passeia tradicionalmente entre gêneros e formatos, e são exatamente aqueles músicos que ajudam a definir sua sonoridade.

Ávido regravador, Zeca se mostra fominha ao assinar todas as composições, com apenas três parceiros, como o poeta romântico Sousândrade (1833-1902), cujos versos aparecem em embalagem de rap sofisticado em “Desesperança”. O ponto final perfeito numa volta ao mundo da MPB sem deixar o Maranhão.

Ouça a a faixa-título do CD:

Fonte: O Globo

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